sábado, 5 de novembro de 2016

34 - O CUIDADO DOS POBRES E NECESSITADOS


Am 5.12-14: “Porque sei que são muitas as vossas transgressões e enormes os vossos pecados; afligis o justo, tomais resgate e rejeitais os necessitados na porta. Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau. Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis”.

            Neste mundo, onde há tantos ricos quanto pobres, freqüentemente os que têm abastança material tiram proveito dos que nada têm, explorando-os para que os seus lucros aumentem continuamente. A Bíblia tem muito a dizer a respeito de como os crentes devem tratar os pobres e necessitados.

O ZELO DE DEUS PELOS POBRES E NECESSITADOS
            Deus tem expressado de várias maneiras seu grande zelo pelos pobres, necessitados e oprimidos.
1)    O Senhor Deus é o seu defensor. Ele mesmo revela ser deles o refúgio “Vós envergonhais o conselho dos pobres, porquanto o Senhor é o seu refúgio” (Sl 14.6), o socorro “E sou pobre e necessitado; mas o Senhor cuida de mim...” (Sl 40.17), o libertador “Clamou este pobre, e o Senhor ouviu; e o salvou de todas as suas angústias.” (Sl 34.6) e provedor “Abençoarei abundantemente o seu mantimento; fartarei de pão os seus necessitados” (Sl 132.15).
2)    Ao revelar a sua Lei aos israelitas, mostrou-lhes também várias maneiras de se eliminar a pobreza do meio do povo “Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas portas, na tua terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for pobre; antes, lhe abrirá de tudo a tua mão e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade. Livremente lhe darás, e que o teu coração não seja maligno, quando lhes deres, pois por esta causa te abençoará o Senhor, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo no que puseres a tua mão. Pois nunca cessará o pobre do meio da terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado e para o teu pobre na tua terra.” (Dt 15.7,8, 10,11). Declarou-lhes, em seguida, o seu alvo global: “Somente para que entre ti não haja pobre; pois o Senhor, abundantemente te abençoará na terra que o Senhor, teu Deus, te dará por herança, para a possuíres” (Dt 15.4). Por isso, Deus na sua Lei, proíbe a cobrança de juros nos empréstimos aos pobres “Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que estás contigo, não te haverás com ele como um usurário; não lhes imporás usura” (Êx 22.24. Lv 25.35,36). Se o pobre entregasse algo como “penhor”, ou garantia pelo empréstimo, o credor era obrigado a devolver-lhe o penhor antes do pôr-do-sol. Se o pobre era contratado a prestar serviços ao rico, este era obrigado a pagar-lhe diariamente, para que ele pudesse comprar alimentos a sim mesmo e à sua família “Não oprimirás o jornaleiro pobre e necessitado de teus irmãos ou de teus estrangeiros que estão na tua terra e nas tuas portas. NO seu dia, lhe darás o seu salário, e o sol se não porá sobre isso; por quanto pobre é, e sua alma se atém a isso; para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado” (Dt 24.14,15).  Durante a estação da colheita, os grãos que caíssem deviam ser deixados no chão pra que os pobres lhes recolhessem “Quando no teu campo segares a tua sega e esqueceres uma gavela no campo, não tornará a tomá-la; para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva será; para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em toda a obra das tuas mãos...” (Dt 24.19-21; Lv 19.10); e mais: os cantos das searas de trigo, especificamente, deviam ser deixados aos pobres “Quando também segardes a sega da tua terra, o canto do teu campo não segarás totalmente, nem as espigas caídas colherás da tua sega.” (Lv 19.9). Notável era o mandamento divino de se cancelar, a cada sete anos, todas as dívidas dos pobres (Dt 15.1-6). Além disso, o homem de posses não podia recusar-se a emprestar algo ao necessitado, simplesmente por estar próximo o cancelamento das dívidas, proveu ainda o ano para a devolução de propriedade – o Ano Jubileu, que ocorria a cada cinqüenta anos. Todas as terras que tivessem mudado de dono desde o Ano Jubileu anterior teriam de ser devolvidos à família originária (Lv 25.8-55). E, mais importante de tudo: a justiça haveria de ser imparcial. Nem os ricos nem os pobres podiam receber qualquer favoritismo (Êx 23.2,3, 6; Dt 1.17). Desta maneira, Deus impedia que os pobres fossem explorados pelos ricos, e garantia um tratamento justo aos necessitados.
3)    Infelizmente, os israelitas nem sempre observavam tais Leis. Muitos ricos tiravam vantagens dos pobres, aumentando-lhes a desgraça. Em conseqüência de tais ações, o Senhor proferiu, através dos profetas, palavras severas de juízo contra os ricos “Os teus príncipes são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama os subornos e corre após salários; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas.” (Is 1.21-25; Jr 17.11; Am 4.1-3; 5.11-13; Hc 2.6-8; Zc 7.8-14).

A RESPONSABILIDADE DO CRENTE NEOTESTAMENTÁRIO DIANTE DOS POBRES E NECESSITADOS
            No NT, Deus também ordena a seu povo que evidencie profunda solicitude pelos pobres e necessitados, especialmente pelos domésticos na fé.
1)    Boa parte do ministério de Jesus foi dedicado aos pobres e desprivilegiados na sociedade judaica. Dos oprimidos, necessitados, samaritanos, leprosos e viúvas, ninguém mais se importava a não ser Jesus “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os enfermos de coração, a pregar liberdade aos cativos, a dar vistas aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos...” (Lc 4.18,19) Ele condenava duramente os que se apegavam às possessões terrenas, e desconsideravam os pobres (Mc 10.17-15; Lc 6.24,25; 12.16-20; 16.13-15,19-31).
2)    Jesus espera que seu povo contribua generosamente com os necessitados (Mt 6.1-4). Ele próprio praticava o que ensinava, pois levava uma bolsa do qual tirava dinheiro para dar aos pobres “porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus tinha dito: compra o que nos é necessário para a festa ou que desse alguma coisa aos pobres” (Jo 13.29; Lc 12.5,6). Em mais de uma ocasião, ensinou aos que queriam seguir a se importarem com os marginalizados econômica e socialmente. “Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me” (Mt 19.21; Lc 12.33; 14.12-14,16-24; 18.22). As contribuições não eram consideradas opcionais. Uma das exigências de Cristo para se entrar no reino eterno é mostrar-se generosos para como os irmãos e irmãs que passam fome e sede, e acham-se nus (Mt 25.31-46).
3)    O apóstolo Paulo e a igreja primitiva demonstravam igualmente profunda solicitude pelos necessitados. Bem cedo, Paulo e Barnabé, representando a igreja em Antioquia da Síria, levaram a Jerusalém uma oferta aos irmãos carentes da Judéia (At 11.28-30). Quando o concílio reuniu-se em Jerusalém, os anciãos recusaram a declarar a circuncisão como necessária à salvação, mas sugeriram a Paulo e aos seus companheiros “que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência” (Gl 2.10). Um dos alvos de sua terceira viagem missionária foi coletar dinheiro “para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém” (Rm 15.26). Ensinava as igrejas na Galácia e em Corinto a contribuir para esta causa (1Co 16.1-4). Como a igreja de Corinto não contribuísse conforme esperava, o apóstolo exortou demoradamente aos seus membros a respeito da ajuda aos pobres e necessitados (2Co 8.9). Elogiou as igrejas na Macedônia por terem rogado urgentemente que lhes deixassem participara da coleta (2Co 8.1-4; 9.2). Paulo tinha em grande estima o ato de contribuir. Na epístola aos Romanos, ele arrola, como dom do Espírito Santo a capacidade de se contribuir com generosidade às necessidades da obra de Deus e de seu povo (Rm 12.8; 1Tm 6.16-19).
4)    Nossa prioridade máxima, no cuidado aos pobres e necessitados, são os irmãos em Cristo. Jesus equiparou as dádivas repassadas aos irmãos na fé como se fosse a Ele próprio. “E respondendo o Rei, lhes dirá: em verdade vos digo, que quando o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos, a mim fizeste” (Mt 25.40,45) A igreja primitiva estabeleceu uma comunidade que se importava com o próximo que repartia suas posses a fim de suprir as necessidades um dos outros (At 2.44,45; 4.34-37). Quando o crescimento da igreja tornou impossível aos apóstolos cuidar dos necessitados de modo justo e equânime, procedeu-se a escolha de sete homens, cheios do Espírito Santo, para executar a tarefa (At 6.1-6). Paulo declara explicitamente qual deve ser o princípio da comunidade cristã: “Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos na fé” (Gl 6.10). Deus quer que os que têm em abundância compartilhem com os que nada têm para que haja igualdade entre o seu povo. “Mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade, como está escrito: o que muito colheu não teve de mais; e o que pouco, não teve menos.” (2Co 8.14,15). Resumindo, a Bíblia não oferece outra alternativa se não tomarmos consciência das necessidades materiais dos que se acham ao nosso redor, especialmente de nossos irmãos em Cristo.

AMÉM!
Erivelton R. de Jesus
Fontes: Bíblia de Estudos Pentecostal e outros. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário