Am 5.12-14: “Porque sei que são muitas as vossas transgressões e enormes os vossos
pecados; afligis o justo, tomais resgate e rejeitais os necessitados na porta.
Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo
será mau. Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus
dos Exércitos, estará convosco, como dizeis”.
Neste
mundo, onde há tantos ricos quanto pobres, freqüentemente os que têm abastança
material tiram proveito dos que nada têm, explorando-os para que os seus lucros
aumentem continuamente. A Bíblia tem muito a dizer a respeito de como os
crentes devem tratar os pobres e necessitados.
O ZELO DE DEUS PELOS POBRES E NECESSITADOS
Deus tem expressado de várias maneiras seu grande zelo pelos
pobres, necessitados e oprimidos.
1) O Senhor Deus é o seu defensor. Ele mesmo revela ser deles o
refúgio “Vós envergonhais o conselho
dos pobres, porquanto o Senhor é o seu refúgio” (Sl 14.6), o socorro “E sou pobre e necessitado; mas o Senhor
cuida de mim...” (Sl 40.17), o libertador “Clamou este pobre, e o Senhor ouviu; e o salvou de todas as suas
angústias.” (Sl 34.6) e provedor “Abençoarei
abundantemente o seu mantimento; fartarei de pão os seus necessitados” (Sl
132.15).
2) Ao revelar a sua Lei aos israelitas, mostrou-lhes também várias
maneiras de se eliminar a pobreza do meio do povo “Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas
portas, na tua terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu
coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for pobre; antes, lhe abrirá de
tudo a tua mão e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para
a sua necessidade. Livremente lhe darás, e que o teu coração não seja maligno,
quando lhes deres, pois por esta causa te abençoará o Senhor, teu Deus, em toda
a tua obra e em tudo no que puseres a tua mão. Pois nunca cessará o pobre do
meio da terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o
teu irmão, para o teu necessitado e para o teu pobre na tua terra.” (Dt 15.7,8,
10,11). Declarou-lhes, em seguida, o seu alvo global: “Somente para que entre ti não haja pobre; pois o Senhor,
abundantemente te abençoará na terra que o Senhor, teu Deus, te dará por
herança, para a possuíres” (Dt 15.4). Por isso, Deus na sua Lei, proíbe a
cobrança de juros nos empréstimos aos pobres “Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que estás contigo, não
te haverás com ele como um usurário; não lhes imporás usura” (Êx 22.24. Lv
25.35,36). Se o pobre entregasse algo como “penhor”,
ou garantia pelo empréstimo, o credor era obrigado a devolver-lhe o penhor
antes do pôr-do-sol. Se o pobre era contratado a prestar serviços ao rico, este
era obrigado a pagar-lhe diariamente, para que ele pudesse comprar alimentos a
sim mesmo e à sua família “Não oprimirás o jornaleiro pobre e
necessitado de teus irmãos ou de teus estrangeiros que estão na tua terra e nas
tuas portas. NO seu dia, lhe darás o seu salário, e o sol se não porá sobre
isso; por quanto pobre é, e sua alma se atém a isso; para que não clame contra
ti ao Senhor, e haja em ti pecado” (Dt 24.14,15). Durante a
estação da colheita, os grãos que caíssem deviam ser deixados no chão pra que
os pobres lhes recolhessem “Quando no teu
campo segares a tua sega e esqueceres uma gavela no campo, não tornará a
tomá-la; para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva será; para que o
Senhor, teu Deus, te abençoe em toda a obra das tuas mãos...” (Dt 24.19-21;
Lv 19.10); e mais: os cantos das searas de trigo, especificamente, deviam ser
deixados aos pobres “Quando também
segardes a sega da tua terra, o canto do teu campo não segarás totalmente, nem
as espigas caídas colherás da tua sega.” (Lv 19.9). Notável era o
mandamento divino de se cancelar, a cada sete anos, todas as dívidas dos pobres
(Dt 15.1-6). Além disso, o homem de posses não podia recusar-se a emprestar
algo ao necessitado, simplesmente por estar próximo o cancelamento das dívidas,
proveu ainda o ano para a devolução de propriedade – o Ano Jubileu, que ocorria
a cada cinqüenta anos. Todas as terras que tivessem mudado de dono desde o Ano
Jubileu anterior teriam de ser devolvidos à família originária (Lv 25.8-55). E,
mais importante de tudo: a justiça haveria de ser imparcial. Nem os ricos nem
os pobres podiam receber qualquer favoritismo (Êx 23.2,3, 6; Dt 1.17). Desta
maneira, Deus impedia que os pobres fossem explorados pelos ricos, e garantia
um tratamento justo aos necessitados.
3) Infelizmente, os israelitas nem sempre observavam tais Leis.
Muitos ricos tiravam vantagens dos pobres, aumentando-lhes a desgraça. Em
conseqüência de tais ações, o Senhor proferiu, através dos profetas, palavras
severas de juízo contra os ricos “Os teus
príncipes são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama os subornos
e corre após salários; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a
causa das viúvas.” (Is 1.21-25; Jr 17.11; Am 4.1-3; 5.11-13; Hc 2.6-8; Zc
7.8-14).
A RESPONSABILIDADE DO CRENTE NEOTESTAMENTÁRIO DIANTE DOS POBRES E
NECESSITADOS
No
NT, Deus também ordena a seu povo que evidencie profunda solicitude pelos
pobres e necessitados, especialmente pelos domésticos na fé.
1) Boa
parte do ministério de Jesus foi dedicado aos pobres e desprivilegiados na
sociedade judaica. Dos oprimidos, necessitados, samaritanos, leprosos e viúvas,
ninguém mais se importava a não ser Jesus “O
Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres,
enviou-me a curar os enfermos de coração, a pregar liberdade aos cativos, a dar
vistas aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos...” (Lc 4.18,19) Ele
condenava duramente os que se apegavam às possessões terrenas, e
desconsideravam os pobres (Mc 10.17-15; Lc 6.24,25; 12.16-20; 16.13-15,19-31).
2) Jesus
espera que seu povo contribua generosamente com os necessitados (Mt 6.1-4). Ele
próprio praticava o que ensinava, pois levava uma bolsa do qual tirava dinheiro
para dar aos pobres “porque, como Judas
tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus tinha dito: compra o que nos é
necessário para a festa ou que desse alguma coisa aos pobres” (Jo 13.29; Lc
12.5,6). Em mais de uma ocasião, ensinou aos que queriam seguir a se importarem
com os marginalizados econômica e socialmente. “Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens,
dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me” (Mt 19.21; Lc
12.33; 14.12-14,16-24; 18.22). As contribuições não eram consideradas
opcionais. Uma das exigências de Cristo para se entrar no reino eterno é
mostrar-se generosos para como os irmãos e irmãs que passam fome e sede, e
acham-se nus (Mt 25.31-46).
3) O
apóstolo Paulo e a igreja primitiva demonstravam igualmente profunda solicitude
pelos necessitados. Bem cedo, Paulo e Barnabé, representando a igreja em
Antioquia da Síria, levaram a Jerusalém uma oferta aos irmãos carentes da
Judéia (At 11.28-30). Quando o concílio reuniu-se em Jerusalém, os anciãos
recusaram a declarar a circuncisão como necessária à salvação, mas sugeriram a
Paulo e aos seus companheiros “que nos
lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência” (Gl
2.10). Um dos alvos de sua terceira viagem missionária foi coletar dinheiro “para os pobres dentre os santos que estão
em Jerusalém” (Rm 15.26). Ensinava as igrejas na Galácia e em Corinto a
contribuir para esta causa (1Co 16.1-4). Como a igreja de Corinto não
contribuísse conforme esperava, o apóstolo exortou demoradamente aos seus
membros a respeito da ajuda aos pobres e necessitados (2Co 8.9). Elogiou as
igrejas na Macedônia por terem rogado urgentemente que lhes deixassem
participara da coleta (2Co 8.1-4; 9.2). Paulo tinha em grande estima o ato de
contribuir. Na epístola aos Romanos, ele arrola, como dom do Espírito Santo a
capacidade de se contribuir com generosidade às necessidades da obra de Deus e
de seu povo (Rm 12.8; 1Tm 6.16-19).
4) Nossa
prioridade máxima, no cuidado aos pobres e necessitados, são os irmãos em
Cristo. Jesus equiparou as dádivas repassadas aos irmãos na fé como se fosse a
Ele próprio. “E respondendo o Rei, lhes
dirá: em verdade vos digo, que quando o fizeste a um destes meus pequeninos
irmãos, a mim fizeste” (Mt 25.40,45) A igreja primitiva estabeleceu uma
comunidade que se importava com o próximo que repartia suas posses a fim de
suprir as necessidades um dos outros (At 2.44,45; 4.34-37). Quando o
crescimento da igreja tornou impossível aos apóstolos cuidar dos necessitados
de modo justo e equânime, procedeu-se a escolha de sete homens, cheios do
Espírito Santo, para executar a tarefa (At 6.1-6). Paulo declara explicitamente
qual deve ser o princípio da comunidade cristã: “Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente
aos domésticos na fé” (Gl 6.10). Deus quer que os que têm em abundância
compartilhem com os que nada têm para que haja igualdade entre o seu povo. “Mas para igualdade; neste tempo presente, a
vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a sua abundância
supra a vossa falta, e haja igualdade, como está escrito: o que muito colheu
não teve de mais; e o que pouco, não teve menos.” (2Co 8.14,15). Resumindo,
a Bíblia não oferece outra alternativa se não tomarmos consciência das
necessidades materiais dos que se acham ao nosso redor, especialmente de nossos
irmãos em Cristo.
AMÉM!
Erivelton
R. de Jesus
Fontes: Bíblia de Estudos Pentecostal e outros.
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