DONS
ESPIRITUAIS PARA O CRENTE
1Co 12.7: “Mas a
manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.”
PERPERCTIVA
GERAL
Uma das
maneiras do Espírito Santo se manifestar é através de uma variedade de dons
espirituais concedidos ao crente. Essas manifestações do Espírito visam à
edificação e à santificação da igreja, conforme é declarado em 1Co 14.26, ficando
claro que o propósito principal de todos os dons espirituais é edificar a
igreja e o indivíduo. “Edificar” (gr.
Oikodomeo {oikodomeo}) significa fortalecer e
promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. Essa edificação
é uma obra do Espírito Santo através dos dons espirituais, pelos quais os
crentes são espiritualmente transformados mais e mais para que não se conforme
como esse mundo, mas edificador na santificação, no amor a Deus, no bem-estar
do próximo, na pureza de coração, numa boa consciência e numa fé sincera.
Esses dons e ministérios não são os mesmos de Romanos
12.6-8 e Efésio 4.11 que declaram: “Tendo,
porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja
segundo a proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que
ensina esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta faça-o com dedicação; o que
contribui, com liberalidade; o que preside, como diligência; quem exerce
misericórdia, com alegria” (Rm 12.6-8) e “E ele mesmo concedeu um para apóstolos, outros para profetas, outros
para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11, mediante os
quais o crente recebe poder e capacidade para servir na igreja de modo mais
permanente.
Vemos que a lista em 1Co 12.8-10 não é completa,
relatando-nos que “Porque a um é dada, mediante o Espírito, a fé; e a outro, no mesmo
Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro profecia; a
outro, discernimento de espíritos; a um variedade de línguas; e a outro,
capacidade de interpretá-las”. Os dons aí tratados podem operar em
conjunto, de diferentes maneiras.
1) As
manifestações do Espírito dão-se de acordo com a vontade do Espírito, ao surgir
a necessidade, e também conforme o anelo do crente na busca dos dons. Em 1Co
12.11, o apóstolo Paulo declara a cerca dos dons que: “... o Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe
apraz, a cada um, individualmente.” Fica claro em 1Co 12.31 que “Entretanto, procurai com zelo, os melhores
dons...” ou seja, precisamos nos dedicar nessa busca, nessa procura com
diligência, sem desanimar, desistir ou retroceder.
2) Certos
dons podem operar num crente de modo regular, e um crente pode receber mais de
um dom para atendimento das necessidades específicas. O crente deve desejar “dons”, e não apenas um, “Segue o amor e procurai, com zelo os dons
espirituais, mas principalmente que profetizeis” (1Co 14.1).
3) É
antibíblico e insensato se pensar que quem tem um dom de operação
exteriorizada, ou seja, mais visível, é mais espiritual do que tem dons de operação
mais interiorizada, isto é, menos visível. Também, quando uma pessoa possui um
dom espiritual, isso não significa que Deus aprova tudo que ela faz ou ensina.
Não se pode confundir dons do Espírito com Fruto do Espírito, o qual se
relaciona mais diretamente com o caráter e a santificação do crente, conforme
Gálatas 5.22,23: “Mas o fruto do Espírito
é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, domínio próprio. Contra essas coisas não há lei”.
4) Satanás
pode imitar a manifestação dos dons do Espírito, ou falsos crentes disfarçados
como servos de Cristo podem fazer o mesmo, Cristo expressa isso muito
claramente em Mateus 7.21-23: “Nem todo
aquele que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que
faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de
dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e
em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?
Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que
praticais a iniquidade.”
Assim, o crente não deve dar crédito a
qualquer manifestação espiritual, mas deve “provar
se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se tem levantado
no mundo” (1Jo 4.1).
OS
DONS ESPIRITUAIS
Em 1Coríntios
12.8-10, o apóstolo Paulo apresenta uma lista de diversidade de dons que o
Espírito Santo concede aos crentes. Nesta passagem, ele não descreve as características
desses dons, mas noutros trechos das Escrituras temos ensino sobre os mesmos.
1) DOM
DA PALAVRA DA SABEDORIA (1CO 12.8):
Trata-se de uma mensagem sábia,
enunciada mediante operação sobrenatural do Espírito Santo. Tal mensagem aplica
a revelação da Palavra de Deus ou a sabedoria do Espírito Santo a uma situação
ou um problema específico, como exemplo, se na vida de Estevão, que está
registrado em Atos 6, porém, destaco o versículo 10, que nos diz: “e não podiam resistir à sabedoria e ao
Espírito, pelo qual ele falava.”. Não se trata aqui da sabedoria comum de
Deus, para o viver diário, que se obtém pelo diligente estudo e meditação nas
coisas de Deus e na Sua Palavra, e pela oração. Se trata de uma sabedoria vinda
do Espírito Santo, o qual conhece a mente de Cristo.
2) DOM
DA PALAVRA DO CONHECIMENTO (1CO 12.8):
Trata-se de uma mensagem vocal,
inspirada pelo Espírito Santo, verdades bíblicas. Frequentemente, esse dom tem
estreito relacionamento como o de profecia.
3) DOM
DA FÉ (1CO 12.9):
Não se trata da fé para salvação, mas de
uma fé sobrenatural especial, comunicada pelo Espírito Santo, capacitando o
crente a crer em Deus para realização de coisas extraordinárias e milagrosas. É
a fé que remove montanhas e que frequentemente opera em conjunto com outras
manifestações do Espírito, tais como as curas e os milagres.
Em Mateus 17.20, Jesus fala de uma fé
que pode remover montanhas, operar milagres e curas, e realizar grandes coisas
para Deus. Que fé é esta que Jesus fala?
· A fé
genuína é uma fé eficaz que produz resultados: nada vos será impossível.
· Esta
fé não é uma crença na fé como uma força ou poder, mas fé em Deus.
· Esta
fé é uma obra de Deus que tem lugar no coração do cristão. É a plena certeza
que Deus transmite ao coração, de que nossa oração é respondida. Esta fé é
criada interiormente no crente, pelo Espírito Santo. Não podemos produzi-la em
nós mesmos por meio da nossa mente.
· Uma
vez que essa fé em Deus é um dom que Cristo comunica ao nosso coração,
importa-nos estar unidos a Jesus e à sua Palavra e ser mais consagrados a Ele.
Dependemos dEle em tudo; Ele declara: “Sem
mim nada poderei fazer” (Jo 15.5). Noutras palavras, devemos buscar a
Cristo que é o autor e consumador da nossa fé (Hb12.2). A real presença de
Cristo conosco e nossa obediência à sua Palavra são a origem e o segredo da fé.
· A
verdadeira fé opera o controle de Deus, ele no-la concede à base do seu amor,
sabedoria, graça e propósito soberano, para execução da sua vontade e como
expressão do seu amor por nós. Não de ser usada para nosso próprio proveito
egoísta.
4) DONS
DE CURA (1CO 12.9):
Esses dons são concedidos à igreja para
a restauração da saúde física, por meios divinos e sobrenaturais. O plural “dons” indica curas de diferentes
enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um dom especial de Deus. Os
dons de cura não são concedidos a todos os membros do corpo de Cristo, conforme
1Co 12.11,30 que declara: “Mas um só
Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como
quer. Tem todos dons de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?”,
todavia, todos eles poder orar pelos enfermos. Pois, havendo fé, os enfermos
serão curados. Pode também haver cura em obediência ao ensino bíblico de Tiago
5.14-16 que nos diz: “Está alguém entre
vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele,
ungindo-o como óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o doente, e o
Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para
serdes curado. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.”
Tiago, aqui, está falando da doença
física. Em caso de doença o crente deve pedir oração dos presbíteros ou
dirigentes da igreja. Certo que, primeiro, é dever dos pastores e outros
dirigentes da igreja orar pelos enfermos e ungi-los com azeite. Segundo, o
azeite, sem dúvida, simboliza o Espírito Santo e seu poder sanador; a unção
estimula a fé. Terceiro, o que Tiago enfatiza como mais importante é a oração.
A oração eficaz deve ser proferida com fé, para que haja cura dos enfermos.
Saiba, que o Senhor concederá fé conforme a sua vontade. E quarto, nem sempre
as pessoas serão curadas, todavia, o dever da igreja é continuar buscando o
poder divino sanador, por compaixão para com os enfermos e visando à glória de
Cristo.
Aqui, Tiago também reconhece que a
doença pode ser causada por pecado. Por isso, sempre que surge uma doença, o
enfermo deve examinar-se diante do Senhor em oração, para ver se a doença vem
de algum pecado pessoal. A palavra “se”,
deixa claro que a doença sempre é resultado de pecado pessoal.
5) DOM
DE OPERAÇÃO DE MILAGRES (1CO 12.10):
Trata-se
de atos sobrenaturais de poder, que intervêm nas leis da natureza. Incluem atos
divinos em que se manifesta o reino de Deus contra Satanás e os espíritos malignos,
notem o quê relata João em seu Evangelho, capítulo 6, versículo 2: “Seguia-o numerosa multidão, porque tinham
visto os sinais que Ele fazia na cura dos enfermos”, esses sinais também podem
ser descritos por milagres, e esses milagres são: Operações de origem e caráter
sobrenaturais; e podem ser um sinal distintivo ou marca da autoridade divina.
Precisamos
entender também que os propósitos desses milagres no reino de Deus são pelo
menos três: dar testemunho de jesus Cristo, autenticando a veracidade da sua
mensagem e comprovando a sua identidade de Deus; segundo, expressar o amor
compassivo de Deus em Cristo, e; terceiro, evidenciar a era da salvação, a
vinda do reino de Deus e a invasão do domínio de satanás por Deus.
As
Escrituras afirmam que os milagres vão continuar durante toda a época da
igreja, pois, Jesus enviou seu discípulos para pregar a Palavra e operar
milagres; Jesus declarou que todos aqueles que nEle cressem mediante a pregação
do Evangelho realizariam as obras que ele realizava e obras maiores do que
aquelas; também no livro de Atos fala, repetidas vezes da operação de milagres
na vida dos crentes. Esses seriam os “sinais”?
que perseguiriam e confirmariam a pregação do evangelho; ficando claro que, os
dons de cura e o poder de operar milagres fazem parte dos dons que o Espírito
quer conceder à igreja no decurso desta presente era. Precisamos observar
também que, conforme o ensino do NT, falsos mestres e pregadores também realizam
sinais e prodígios.
6) DOM
DE PROFECIA (1CO 12.10):
É preciso distinguir a profecia aqui
mencionada, como manifestação momentânea do Espírito da profecia como dom
ministerial na igreja, mencionado em Efésio 4.11. Como domo de ministério, a
profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais sevem na igreja como
ministros e profetas. Como manifestação do Espírito, a profecia está
potencialmente disponível a todo cristão cheio dEle. Quanto à profecia, como
manifestação do Espírito observe o seguinte:
a)
Trata-se de um dom que capacita o crente a
transmitir a Palavra de Deus ou revelação diretamente do Senhor, sob o impulso
do Espírito Santo. Aqui, não se trata da entrega de sermão previamente
preparado.
b)
Tanto no AT, como no NT, profetizar não é
primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de Deus e exortar e levar
o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência.
c)
A mensagem profética pode desmascarar a
condição do coração de uma pessoa, ou prover edificação, exortação, consolo,
advertência e julgamento.
d)
A igreja não deve ter como infalível toda
profecia deste tipo, porque muitos falsos profetas estarão na igreja. Daí, toda
profecia deve ser julgada quanto à sua autenticidade e conteúdo. Ela deverá
enquadrar-se na Palavra de Deus, contribuir para a santidade de vida dos
ouvintes e ser transmitida por alguém que de fato vive submisso e obediente a
Cristo
e)
O dom de profecia manifesta-se segundo a
vontade de Deus e não do homem. Não há no NT um só texto mostrando que a igreja
buscava revelação ou orientação através dos profetas. A mensagem profética
ocorria na igreja quando Deus tomava o profeta para isso.
f)
Lembrando-vos que estamos tratando aqui do
dom de profecia e não do ministério profético, que faz parte do quíntuplo ministério
relatado em Efésio 4.11, ministério esse que, por muito tempo foi desprezado
pela igreja, entre outros, colocando nas costas do pastor, ou melhor, resumindo
tudo no ministério pastoral, mas, enfim, isso é para outro estudo.
7) DOM
DE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITO (1CO 12.10):
Trata-se
de uma dotação especial dada pelo Espírito, para o portador do dom discernir e
julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do
Espírito Santo ou não. No fim dos tempos, quando os falsos mestres e a
distorção do cristianismo bíblico aumentarão muito, esse dom especial será
extremamente importante para a igreja.
8) DOM
DE VARIEDADE DE LÍNGUAS (1CO 12.10):
No
tocante às “línguas” do glossa (glossa) que significa: língua como membro do corpo humano, órgão
da fala; língua como idioma ou dialeto usado por um grupo particular de
pessoas, diferente dos usados por outras nações. Essas línguas como
manifestação sobrenatural do Espírito, notemos os seguintes fatos:
·
Essas línguas podem ser humanas e vivas
conforme Atos 2.4-6, ou línguas desconhecidas na terra, como exemplo as “línguas dos anjos” (1Co 13.1). A língua
falada através desse dom não é aprendida, no que diz respeito a estudos, e
quase sempre não é entendida, tanto por quem fala, como pelos ouvintes (1Co
14.14,16);
·
O falar noutras línguas como dom abrange o
espírito do homem e o Espírito de Deus, que entrando em mútua comunhão, faculta
ao crente a comunicação direta com Deus, isto é, na oração, no louvor, no
bendizer e na ação de graça, expressando-se mais através do espírito do que da
mente e orando por si mesmo ou pelo próximo sob a influência direta do Espírito
Santo, à parte da atividade da mente.
·
Línguas estranhas faladas no culto devem ser
seguidas de interpretação, também pelo Espírito, para que a congregação conheça
o conteúdo e o significado da mensagem. Ela pode conter revelação, advertência,
profecia ou ensino para a igreja.
·
Deve haver ordem quanto ao falar em línguas
em voz alta durante o culto. Quem fala em línguas pelo Espírito, numa fica em “êxtase” ou “fora de controle”.
9) DOM
DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (1CO 12.10):
Trata-se
da capacidade concedida pelo Espírito Santo, para o portador deste dom
compreender e transmitir o significado de uma mensagem da em línguas. Tal
mensagem interpretada para a igreja reunida, pode conter ensino sobre a
adoração e a oração, ou pode ser uma profecia. Toda congregação pode assim
desfrutar dessa revelação vinda do Espírito Santo. A interpretação de uma
mensagem em línguas pode ser um meio de edificação da congregação inteira, pois
toda ela recebe a mensagem. A interpretação pode vir através de quem deu a
mensagem em línguas, ou de outra pessoa. Quem fala em línguas deve orar para
que possa interpretá-la.
AMÉM!