domingo, 28 de maio de 2023

58 - DONS ESPIRITUAIS PARA O CRENTE

             

DONS ESPIRITUAIS PARA O CRENTE

1Co 12.7: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.”

          PERPERCTIVA GERAL

          Uma das maneiras do Espírito Santo se manifestar é através de uma variedade de dons espirituais concedidos ao crente. Essas manifestações do Espírito visam à edificação e à santificação da igreja, conforme é declarado em 1Co 14.26, ficando claro que o propósito principal de todos os dons espirituais é edificar a igreja e o indivíduo. “Edificar” (gr. Oikodomeo {oikodomeo}) significa fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. Essa edificação é uma obra do Espírito Santo através dos dons espirituais, pelos quais os crentes são espiritualmente transformados mais e mais para que não se conforme como esse mundo, mas edificador na santificação, no amor a Deus, no bem-estar do próximo, na pureza de coração, numa boa consciência e numa fé sincera.

          Esses dons e ministérios não são os mesmos de Romanos 12.6-8 e Efésio 4.11 que declaram: “Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, como diligência; quem exerce misericórdia, com alegria” (Rm 12.6-8) e “E ele mesmo concedeu um para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11, mediante os quais o crente recebe poder e capacidade para servir na igreja de modo mais permanente.

          Vemos que a lista em 1Co 12.8-10 não é completa, relatando-nos  que “Porque a um é dada, mediante o Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um variedade de línguas; e a outro, capacidade de interpretá-las”. Os dons aí tratados podem operar em conjunto, de diferentes maneiras.

1)    As manifestações do Espírito dão-se de acordo com a vontade do Espírito, ao surgir a necessidade, e também conforme o anelo do crente na busca dos dons. Em 1Co 12.11, o apóstolo Paulo declara a cerca dos dons que: “... o Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente.” Fica claro em 1Co 12.31 que “Entretanto, procurai com zelo, os melhores dons...” ou seja, precisamos nos dedicar nessa busca, nessa procura com diligência, sem desanimar, desistir ou retroceder.

2)    Certos dons podem operar num crente de modo regular, e um crente pode receber mais de um dom para atendimento das necessidades específicas. O crente deve desejar “dons”, e não apenas um, “Segue o amor e procurai, com zelo os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis” (1Co 14.1).

3)    É antibíblico e insensato se pensar que quem tem um dom de operação exteriorizada, ou seja, mais visível, é mais espiritual do que tem dons de operação mais interiorizada, isto é, menos visível. Também, quando uma pessoa possui um dom espiritual, isso não significa que Deus aprova tudo que ela faz ou ensina. Não se pode confundir dons do Espírito com Fruto do Espírito, o qual se relaciona mais diretamente com o caráter e a santificação do crente, conforme Gálatas 5.22,23: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra essas coisas não há lei”.

4)    Satanás pode imitar a manifestação dos dons do Espírito, ou falsos crentes disfarçados como servos de Cristo podem fazer o mesmo, Cristo expressa isso muito claramente em Mateus 7.21-23: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.”

Assim, o crente não deve dar crédito a qualquer manifestação espiritual, mas deve “provar se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se tem levantado no mundo” (1Jo 4.1).

 

OS DONS ESPIRITUAIS

          Em 1Coríntios 12.8-10, o apóstolo Paulo apresenta uma lista de diversidade de dons que o Espírito Santo concede aos crentes. Nesta passagem, ele não descreve as características desses dons, mas noutros trechos das Escrituras temos ensino sobre os mesmos.

1)    DOM DA PALAVRA DA SABEDORIA (1CO 12.8):

 

Trata-se de uma mensagem sábia, enunciada mediante operação sobrenatural do Espírito Santo. Tal mensagem aplica a revelação da Palavra de Deus ou a sabedoria do Espírito Santo a uma situação ou um problema específico, como exemplo, se na vida de Estevão, que está registrado em Atos 6, porém, destaco o versículo 10, que nos diz: “e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava.”. Não se trata aqui da sabedoria comum de Deus, para o viver diário, que se obtém pelo diligente estudo e meditação nas coisas de Deus e na Sua Palavra, e pela oração. Se trata de uma sabedoria vinda do Espírito Santo, o qual conhece a mente de Cristo.

 

2)    DOM DA PALAVRA DO CONHECIMENTO (1CO 12.8):

Trata-se de uma mensagem vocal, inspirada pelo Espírito Santo, verdades bíblicas. Frequentemente, esse dom tem estreito relacionamento como o de profecia.

 

3)    DOM DA FÉ (1CO 12.9):

 

Não se trata da fé para salvação, mas de uma fé sobrenatural especial, comunicada pelo Espírito Santo, capacitando o crente a crer em Deus para realização de coisas extraordinárias e milagrosas. É a fé que remove montanhas e que frequentemente opera em conjunto com outras manifestações do Espírito, tais como as curas e os milagres.

Em Mateus 17.20, Jesus fala de uma fé que pode remover montanhas, operar milagres e curas, e realizar grandes coisas para Deus. Que fé é esta que Jesus fala?

·       A fé genuína é uma fé eficaz que produz resultados: nada vos será impossível.

·       Esta fé não é uma crença na fé como uma força ou poder, mas fé em Deus.

·       Esta fé é uma obra de Deus que tem lugar no coração do cristão. É a plena certeza que Deus transmite ao coração, de que nossa oração é respondida. Esta fé é criada interiormente no crente, pelo Espírito Santo. Não podemos produzi-la em nós mesmos por meio da nossa mente.

·       Uma vez que essa fé em Deus é um dom que Cristo comunica ao nosso coração, importa-nos estar unidos a Jesus e à sua Palavra e ser mais consagrados a Ele. Dependemos dEle em tudo; Ele declara: “Sem mim nada poderei fazer” (Jo 15.5). Noutras palavras, devemos buscar a Cristo que é o autor e consumador da nossa fé (Hb12.2). A real presença de Cristo conosco e nossa obediência à sua Palavra são a origem e o segredo da fé.

·       A verdadeira fé opera o controle de Deus, ele no-la concede à base do seu amor, sabedoria, graça e propósito soberano, para execução da sua vontade e como expressão do seu amor por nós. Não de ser usada para nosso próprio proveito egoísta.

 

4)    DONS DE CURA (1CO 12.9):

 

Esses dons são concedidos à igreja para a restauração da saúde física, por meios divinos e sobrenaturais. O plural “dons” indica curas de diferentes enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um dom especial de Deus. Os dons de cura não são concedidos a todos os membros do corpo de Cristo, conforme 1Co 12.11,30 que declara: “Mas um só Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer. Tem todos dons de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?”, todavia, todos eles poder orar pelos enfermos. Pois, havendo fé, os enfermos serão curados. Pode também haver cura em obediência ao ensino bíblico de Tiago 5.14-16 que nos diz: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o como óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curado. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.”

Tiago, aqui, está falando da doença física. Em caso de doença o crente deve pedir oração dos presbíteros ou dirigentes da igreja. Certo que, primeiro, é dever dos pastores e outros dirigentes da igreja orar pelos enfermos e ungi-los com azeite. Segundo, o azeite, sem dúvida, simboliza o Espírito Santo e seu poder sanador; a unção estimula a fé. Terceiro, o que Tiago enfatiza como mais importante é a oração. A oração eficaz deve ser proferida com fé, para que haja cura dos enfermos. Saiba, que o Senhor concederá fé conforme a sua vontade. E quarto, nem sempre as pessoas serão curadas, todavia, o dever da igreja é continuar buscando o poder divino sanador, por compaixão para com os enfermos e visando à glória de Cristo.

Aqui, Tiago também reconhece que a doença pode ser causada por pecado. Por isso, sempre que surge uma doença, o enfermo deve examinar-se diante do Senhor em oração, para ver se a doença vem de algum pecado pessoal. A palavra “se”, deixa claro que a doença sempre é resultado de pecado pessoal.

 

5)    DOM DE OPERAÇÃO DE MILAGRES (1CO 12.10):

 

Trata-se de atos sobrenaturais de poder, que intervêm nas leis da natureza. Incluem atos divinos em que se manifesta o reino de Deus contra Satanás e os espíritos malignos, notem o quê relata João em seu Evangelho, capítulo 6, versículo 2: “Seguia-o numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que Ele fazia na cura dos enfermos”, esses sinais também podem ser descritos por milagres, e esses milagres são: Operações de origem e caráter sobrenaturais; e podem ser um sinal distintivo ou marca da autoridade divina.

Precisamos entender também que os propósitos desses milagres no reino de Deus são pelo menos três: dar testemunho de jesus Cristo, autenticando a veracidade da sua mensagem e comprovando a sua identidade de Deus; segundo, expressar o amor compassivo de Deus em Cristo, e; terceiro, evidenciar a era da salvação, a vinda do reino de Deus e a invasão do domínio de satanás por Deus.

 

As Escrituras afirmam que os milagres vão continuar durante toda a época da igreja, pois, Jesus enviou seu discípulos para pregar a Palavra e operar milagres; Jesus declarou que todos aqueles que nEle cressem mediante a pregação do Evangelho realizariam as obras que ele realizava e obras maiores do que aquelas; também no livro de Atos fala, repetidas vezes da operação de milagres na vida dos crentes. Esses seriam os “sinais”? que perseguiriam e confirmariam a pregação do evangelho; ficando claro que, os dons de cura e o poder de operar milagres fazem parte dos dons que o Espírito quer conceder à igreja no decurso desta presente era. Precisamos observar também que, conforme o ensino do NT, falsos mestres e pregadores também realizam sinais e prodígios.

 

6)    DOM DE PROFECIA (1CO 12.10):

 

É preciso distinguir a profecia aqui mencionada, como manifestação momentânea do Espírito da profecia como dom ministerial na igreja, mencionado em Efésio 4.11. Como domo de ministério, a profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais sevem na igreja como ministros e profetas. Como manifestação do Espírito, a profecia está potencialmente disponível a todo cristão cheio dEle. Quanto à profecia, como manifestação do Espírito observe o seguinte:

 

a)    Trata-se de um dom que capacita o crente a transmitir a Palavra de Deus ou revelação diretamente do Senhor, sob o impulso do Espírito Santo. Aqui, não se trata da entrega de sermão previamente preparado.

b)    Tanto no AT, como no NT, profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de Deus e exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência.

c)     A mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma pessoa, ou prover edificação, exortação, consolo, advertência e julgamento.

d)    A igreja não deve ter como infalível toda profecia deste tipo, porque muitos falsos profetas estarão na igreja. Daí, toda profecia deve ser julgada quanto à sua autenticidade e conteúdo. Ela deverá enquadrar-se na Palavra de Deus, contribuir para a santidade de vida dos ouvintes e ser transmitida por alguém que de fato vive submisso e obediente a Cristo

e)    O dom de profecia manifesta-se segundo a vontade de Deus e não do homem. Não há no NT um só texto mostrando que a igreja buscava revelação ou orientação através dos profetas. A mensagem profética ocorria na igreja quando Deus tomava o profeta para isso.

f)      Lembrando-vos que estamos tratando aqui do dom de profecia e não do ministério profético, que faz parte do quíntuplo ministério relatado em Efésio 4.11, ministério esse que, por muito tempo foi desprezado pela igreja, entre outros, colocando nas costas do pastor, ou melhor, resumindo tudo no ministério pastoral, mas, enfim, isso é para outro estudo.

 

7)    DOM DE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITO (1CO 12.10):

 

Trata-se de uma dotação especial dada pelo Espírito, para o portador do dom discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo ou não. No fim dos tempos, quando os falsos mestres e a distorção do cristianismo bíblico aumentarão muito, esse dom especial será extremamente importante para a igreja.

 

8)    DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS (1CO 12.10):

 

No tocante às “línguas” do glossa (glossa) que significa: língua como membro do corpo humano, órgão da fala; língua como idioma ou dialeto usado por um grupo particular de pessoas, diferente dos usados por outras nações. Essas línguas como manifestação sobrenatural do Espírito, notemos os seguintes fatos:

 

·       Essas línguas podem ser humanas e vivas conforme Atos 2.4-6, ou línguas desconhecidas na terra, como exemplo as “línguas dos anjos” (1Co 13.1). A língua falada através desse dom não é aprendida, no que diz respeito a estudos, e quase sempre não é entendida, tanto por quem fala, como pelos ouvintes (1Co 14.14,16);

·       O falar noutras línguas como dom abrange o espírito do homem e o Espírito de Deus, que entrando em mútua comunhão, faculta ao crente a comunicação direta com Deus, isto é, na oração, no louvor, no bendizer e na ação de graça, expressando-se mais através do espírito do que da mente e orando por si mesmo ou pelo próximo sob a influência direta do Espírito Santo, à parte da atividade da mente.

·       Línguas estranhas faladas no culto devem ser seguidas de interpretação, também pelo Espírito, para que a congregação conheça o conteúdo e o significado da mensagem. Ela pode conter revelação, advertência, profecia ou ensino para a igreja.

·       Deve haver ordem quanto ao falar em línguas em voz alta durante o culto. Quem fala em línguas pelo Espírito, numa fica em “êxtase” ou “fora de controle”.

 

9)    DOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (1CO 12.10):

 

Trata-se da capacidade concedida pelo Espírito Santo, para o portador deste dom compreender e transmitir o significado de uma mensagem da em línguas. Tal mensagem interpretada para a igreja reunida, pode conter ensino sobre a adoração e a oração, ou pode ser uma profecia. Toda congregação pode assim desfrutar dessa revelação vinda do Espírito Santo. A interpretação de uma mensagem em línguas pode ser um meio de edificação da congregação inteira, pois toda ela recebe a mensagem. A interpretação pode vir através de quem deu a mensagem em línguas, ou de outra pessoa. Quem fala em línguas deve orar para que possa interpretá-la.

 

 

AMÉM!