Jó 2.7,8: “Então,
saiu Satanás da presença do Senhor e feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a
planta do pé, até ao alto da cabeça. E Jó, tomando um pedaço de telha para
raspar com ele as feridas, acentou-se no meio das cinzas.”
A fidelidade a Deus não é garantia que o crente
não passará por aflições, dores e sofrimentos nesta vida. Paulo, por exemplo,
tinha o desejo de pregar o evangelho em Roma, e era da vontade de Deus que ele
assim o fizesse. Quando, porém, chegou ali, estava algemado e ainda assim
depois dos revezes, tempestades e naufrágio e muitas outras provações. Embora
Paulo fosse fiel, Deus não lhe proveu um caminho fácil e livre de problemas.
Nós, da mesma forma, podemos estar na vontade de Deus, ser inteiramente fiéis a
Ele, e mesmo assim sermos dirigidos pó Ele por caminhos desagradáveis, com
aflições (At 28.16). Na realidade, Jesus ensinou que tais coisas poderão
acontecer ao crente “E também todos os
que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” (2Tm
3.12). A Bíblia contém numerosos exemplos de santos que passaram por grandes
sofrimentos, por diversas razões, como: José, Davi, Jeremias e Paulo.
Por que os crentes sofrem?
São diversas as razões por que os crentes sofrem.
1)
O
crente experimenta sofrimento como uma decorrência da queda de Adão e Eva.
Quando o pecado entrou no mundo, entrou também a dor, a tristeza, o conflito e,
finalmente, a morte sobre o ser humano. A Bíblia afirma o seguinte: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado
no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os
homens, por isso que todos pecaram”. Realmente, a totalidade da criação
geme sob os efeitos do pecado, e anseia por um novo céu e nova terra. É nosso
dever sempre recorrermos à graça, fortaleza e consolo divinos.
2)
Certos
crentes sofrem pela mesma razão que os descrentes, isto é, conseqüência de seus
próprios atos. A lei bíblica “Tudo o que
o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7) aplica-se a todos de modo
geral. Se guiarmos com imprudência o nosso automóvel, poderemos sofrer graveis
danos. Se não formos comedidos em nossos hábitos alimentares, certamente vamos
ter graves problemas de saúde. È nosso dever sempre proceder com sabedoria e de
acordo co a Palavra de Deus e evitar tudo o que nos privaria do cuidado
providente de Deus.
3)
O
crente também sofre, pelo menos no seu espírito, por habitar num mundo
pecaminoso e corrompido. Por toda parte ao nosso redor estão os efeitos do
pecado. Sentimos aflição e angústia ao vermos o domínio da iniqüidade sobre
tantas vidas. É nosso dever orar para que Deus suplante vitoriosamente o poder
do pecado.
4)
Os
crentes enfrentam ataques do diabo.
a. As Escrituras claramente mostram que
Satanás, como “O deus desse século”
(2Co 4.4), controla o presente século mau. Ele recebe permissão para afligir
crentes de várias maneiras, conforme 1Pe 5.8,9. Jó, um homem reto e temente a
Deus, foi atormentado por Satanás por permissão de Deus. Jesus afirmou que uma
das mulheres por Ele curada estava presa por Satanás há dezoito anos (Lc 13.11,16).
Paulo reconhecia que o seu espinho na carne era “um mensageiro de Satanás, pra me esbofetear” (2Co 12.7). À medida
que travamos guerra espiritual contra “os
príncipes das trevas deste século” (Ef 6.12), é inevitável a ocorrência de
adversidades. Por isso, Deus nos proveu de armadura espiritual e armas
espirituais. É nosso dever revertir-nos de toda armadura de Deus e orar (Ef
6.10-18), decididos a permanecer fiéis ao Senhor, segundo a força que Ele nos
dá.
b. Satanás e seus seguidores se
comprazem em perseguir os crentes. Os que amam ao Senhor Jesus e seguem os seus
princípios de verdade e retidão serão perseguidos por causa da sua fé.
Evidentemente, esse sofrimento por causa da justiça pode ser uma indicação da
nossa fiel devoção a Cristo. É nosso dever, uma vez que todos os crentes também
são chamados a sofrer perseguição e desprezo por causa da justiça, continuar
firmes, confiando naquele que julga com justiça (Mt 5.10,11; 1Co 15.58; 1Pe 2.
21-23).
5)
De
um ponto de vista totalmente bíblico, o crente também sofre porque “nós temos a mente de Cristo” (1Co
2.16). Ser cristão significa estar em Cristo, estar em união com Ele; nisso,
compartilhemos dos seus sofrimentos. Por exemplo, assim como Cristo chorou em
agonia por causa da cidade ímpia de Jerusalém, cujos habitantes recusavam a
arrepender-se e aceitar a salvação, também devemos chorar pela pecaminosidade e
condição perdida da raça humana. Paulo incluiu na lista de seus sofrimentos por
amor a Cristo a sua preocupação diária pelas igrejas que fundara: “Quem enfraquece, que eu também não
enfraqueça? Que se escandaliza, que eu não me abrase?” (2Co 11.29).
Semelhantemente angústia mental por causa daqueles que amamos em Cristo deve
ser uma parte natural da nossa vida: “chorai
com os que choram” (Rm 12.15). Realmente, compartilhar dos sofrimentos de
Cristo é uma condição para sermos glorificados com Cristo. É nosso dever dar
graças a Deus, pois, assim como os sofrimentos de Cristo são nossos, assim
também nosso é o seu consolo (2Co 1.5).
6)
Deus
pode usar o sofrimento como catalisador para o nosso crescimento ou
melhoramento espiritual.
a)
Frenquentemente,
Ele emprega o sofrimento a fim de chamar a si o seu povo desgarrado, para
arrependimento dos seus pecados e renovação espiritual, exemplo livro de
Juízes. É nosso dever confessar nossos pecados conhecidos, e examinar nossa
vida para ver se há alguma coisa que desagrada o Espírito Santo.
b)
Deus,
às vezes, usa o sofrimento para testar a nossa fé, para ver se permanecemos
fiéis a Ele. A Bíblia diz que as provações que enfrentamos são “a prova da nossa fé”; elas são um meio
de aperfeiçoamento da nossa fé em Cristo. É nosso dever reconhecer que uma fé
autêntica resultará em “Louvor, e honra,
e glória na revelação de Jesus Cristo” (1Pe 1.7).
c)
Deus
emprega o sofrimento, não somente para fortalecer a nossa fé, mas também para
nos ajudar no desenvolvimento do nosso caráter cristão e da retidão. Segundo
vemos nas cartas de Paulo e Tiago, Deus quer que aprendamos a ser pacientes
mediante o sofrimento. No sofrimento, aprendemos menos de nós mesmos e mais de
Deus e da sua graça. É nosso dever estar afinados com aquilo que Deus quer que
aprendamos através do sofrimento.
d)
Deus
também pode permitir que soframos por aflição para que possamos melhor consolar
e animar outros que estão a sofrer. É nosso dever usar nossa experiência
advinda do sofrimento para encorajar e fortalecer outros crentes.
7)
Finalmente,
Deus pode usar, e usa mesmo o sofrimento dos justos para propagar o seu reino
redentor. Por exemplo: toda injustiça por que José passou nas mãos dos seus
irmãos e dos egípcios faziam parte do plano de Deus “para conservar vossa sucessão na terra e para guardar-vos em vida por
um grande livramento” (Gn 45.7). O principal exemplo, aqui, é o sofrimento
de Cristo, “o Santo e o Justo” (At
3.14), que experimentou perseguição, agonia e morte para que o plano divino da
salvação fosse plenamente cumpridos. Isso não exime da iniqüidade aqueles o
crucificaram, mas indica, sim, como Deus pode usar o sofrimento dos justos
pelos pecadores, para seus propósitos e sua própria glória.
O RELACIONAMENTO DE DEUS COM O SOFRIMENTO DO CRENTE
v
O
primeiro fato a ser lembrado é este: Deus acompanha o nosso sofre. Satanás é o
deus deste século, mas ele só pode afligir um filho de Deus pela vontade
permissiva de Deus. Deus promete na sua Palavra que Ele não permitirá sermos
tentados além do que podemos suportar (1Co 10.13).
v
Temos
também de Deus a promessa que Ele converterá em bem todos os sofrimentos e
perseguições daqueles que o amam e obedecem aos seus mandamentos. José
verificou esta verdade na sua própria vida de sofrimento (Gn 50.20) e o autor
de Hebreus demonstra como Deus usa os tempos de apertos da nossa vida para o
nosso próprio crescimento e benefício.
v
Além
disso, Deus promete que ficará conosco na hora da dor; que andará conosco “pelo vale da sombra e da morte” (Sl
23.4).
VITÓRIA SOBRE O SOFRIMENTO PESSOAL.
Se você está sob provações e aflições, que deve fazer para triunfar sobre
tal situação?
- Examinar as várias razões porque o ser humano
sofre e ver em que sentido o sofrimento concerne a você. Uma vez
identificada a razão específica, você deve proceder conforme contida em “É nosso dever”.
- Creia que Deus se importa sobremaneira com você,
independente da severidade das suas circunstâncias. O sofrimento nunca deve
fazer você concluir que Deus não lhe ama, nem rejeitá-lo como seu Senhor e
Salvador.
- Recorra a Deus em oração sincera e busque a sua
face. Espere nEle até que liberte você da sua aflição (Sl 27,8-14; 40.1-3;
130).
- Confie que Deus lhe dará graça para suportar a
aflição até chegar o livramento. Convém lembrar de que sempre “somos mais do que vencedores, por
aquele que nos amou” (Rm 8.37; Jo 16.33). A fé cristã não consiste na
remoção de fraquezas e sofrimentos, mas na manifestação do poder divino
através da fraqueza humana (2Co 4.7).
- Leia a Palavra de Deus, principalmente os Salmos
de conforto em tempos de lutas, exemplos: Sl 11; 16; 23; 27; 40; 46; 61;
91; 121; 138; etc.
- Busque revelação e discernimento da parte de Deus
referente à sua situação, mediante a oração, as Escrituras, a iluminação
do Espírito Santo ou o conselho de um santo e experiente irmão.
- No sofrimento, lembre-se da predição de Cristo,
de que você terá aflições na sua vida como crente (Jo 16.33). Aguarde com
alegria aquele ditoso tempo quando “Deus
limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto,
nem clamor” (Ap 21.4)
Amém!
Erivelton de Jesus