quarta-feira, 5 de março de 2014

23 - A ESPERANÇA DO CRENTE SEGUNDO A BÍBLIA

Sl 33.18,19: “Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia, para livrar a sua alma da morte e para os conservar vivos na fome.”
A ESPERANÇA BÍBLICA DO CRENTE
            A esperança, pela sua própria natureza, diz respeito ao futuro conforme Romanos 8, 24,25 que diz: “Porque, em esperança, somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos.”. Porém, ela abrange muito mais do que uma simples vontade ou anseio por algo futuro. Esta esperança consiste numa certeza na alma, isto é, uma firme confiança sobre as coisas futuras, porque tais coisas decorrem da revelação Oe das promessas de Des. Noutras palavras, a esperança bíblica do crente está intimamente vinculada a uma fé firme e uma sólida confiança em Deus. O salmista expressa claramente este fato mediante um paralelo entre “confiança” e “esperança”: “Não confieis em príncipes nem em filhos de homens, em quem não há salvação. Bem aventurados aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio e cuja esperança está posta no Senhor, seu Deus” (Sl 146.3,5). Por conseguinte, a esperança firme do crente é uma esperança que “não traz confusão” (Rm 5.5); a esperança, portanto, é uma âncora para o crente através da vida, “Pelo que, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do sue conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento, para que por duas coisa imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos firme consolação, nós os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; a qual temos como âncora da alma segura e firme e que penetra até ao interior do véu.” (Hb 6.17-19).
A BASE DA ESPERANÇA DO CRENTE
            O alicerce da esperança segura do crente procede da natureza de Deus, de Jesus Cristo e da Palavra de Deus.
            As escrituras revelam como Deis sempre foi fiel, no passado, ao seu povo. O Salmo 22, por exemplo, revela a luta de Davi numa situação pessoal crítica, que ameaça a sua vida. Todavia, ao meditar nos feitos de Deus no passado ele confia que Deus o livrará: “Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste” (Sl 22.4). O poder maravilhoso que o Deus Criador já manifestou em favor do seu povo está exemplificado no êxodo, na conquista de Canaã, nos milagres de Jesus e dos apóstolos, e em casos semelhantes, os quais edificam a nossa confiança no Senhor como nosso Ajudador. Por outro lado aqueles que não conhecem a Deus não têm em que se firmar para terem esperança “Que, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunhão de Israel estranhos ao concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Ef 2.12).
            A plenitude da revelação do novo concerto em Jesus Cristo acresce mais uma razão para a esperança inabalável em Deus. Para o crente, o Filho de Deus veio para destruir as obras do diabo: “Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.” (1Jo 3.8), que é o “deus deste século” (2Co 4.4). Jesus, ao expulsar demônios durante seu ministério terreno, demonstrou seu poder sobre Satanás. Além disso, pela morte e ressurreição, Ele esmagou o poder de Satanás e demonstrou o poder do reino de Deus. Não é de se estranhar, portanto, o que Pedro exclama a respeito da nossa esperança: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cris, que, segundo sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3). Jesus é, pois, chamado nossa esperança “aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que Cristo é em vós, a esperança da glória” (Cl 1,27); Devemos depositar nEle nossa esperança, mediante o poder do Espírito Santo.
            A Palavra de Deus é a terceira base da esperança. Deus revelou sua Palavra através dos profetas e apóstolos no passado; Ele inspirou pelo Espírito Santo para escreverem isentos de erros: “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem vazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração, sabendo primeiramente isto; que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” (2Pe 1. 19-21). Pelo fato de que sua Palavra eterna permanece firme nos céus (Sl 119.89), podemos depositar nossa esperança nessa Palavra. De fato, tudo quanto sabemos a respeito de Deis e de Jesus Cristo vem da revelação das Sagradas Escrituras.

A SUMA ESPERANÇA DO CRENTE
            A suprema esperança e confiança do crente não deve estar em seres humanos, pois “Não há reis que se salve com grandeza de um exército, nem o homem valente se livra pela muita força.” (Sl 33.16), nem em bens materiais, nem em dinheiro, antes deve estar em Deus, no seu Filho Jesus e na sua Palavra.
            E em que consiste esta esperança?
            Temos esperança na graça de Deus e no livramento que Ele oferece, nas tribulações desta vida presente.
            Temos esperança de que chegará o dia em que nossas tribulações cessarão aqui na terra, quando esta não estará mais sujeita à corrupção, e terá lugar a redenção do nosso corpo.
            Temos esperança da consumação da nossa Salvação.
            Temos esperança de uma casa eterna nos novos céus “Mas nós segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.” (2Pe 3.13), naquela cidade cujo arquiteto e edificador é Deus.
            Temos a bendita esperança da vinda gloriosa da vinda do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo “aguardando a bem aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13), quando então, os crentes serão arrebatados da terra, para o encontro com Ele nos ares, e , quando, então, nós o veremos como Ele é e nos tornaremos semelhantes a Ele.
            Temos a esperança de recebermos a coroa da justiça, de glória e da vida conforme (2Tm 4.8; 1Pe 5.4; Ap 2.10).
            Finalmente, temos a esperança da vida eterna; da vida garantida a todos os que confiam no Senhor Jesus Cristo e o obedecem.

            Com promessas tão grandes reservadas àqueles que esperam em Deus e no seu Filho Jesus, Pedro nos conclama: “Estais sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15).

22 - O LOUVOR A DEUS


Sl 9.1,2: “Eu te louvarei, Senhor, de todo o meu coração; contarei as tuas maravilhas, Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo”.
            Segundo o dicionário de língua portuguesa Michaelis a palavra louvor vem de louvar do latim laudare que significa: Dirigir louvores, aprovar, confirmar, com elogio, elogiar-se, gabar-se, jactar-se, vangloriar-se, bendizer, enaltecer, exaltar, glorificar. Então segundo o dicionário louvor significa: Ato de louvar; Louvação, aplauso, elogio, encômio, glorificação.
            No AT, a palavra louvor conota algo como fazer ruído; também associada aos gestos e movimentos do corpo; pode ser empregado na música e na dança. É uma expressão, nem sempre inteligível, de adoração e reconhecimento de Deus como Senhor.
            No NT, está associada ao agradecimento. Expressa o reconhecimento do amor e cuidados divinos conosco agradecendo sua provisão, por meio de alegria e júbilo diante dEle.

A IMPORTÂNCIA DO LOUVOR
            A Bíblia constantemente exorta o povo de Deus a louvar ao Senhor.
            O AT emprega três palavras básicas para conclamar os israelitas a louvarem a Deus: a palavra barak (também traduzida “bendizer”); a palavra balal (da qual deriva da palavra “aleluia” que literalmente significa “louvai ao Senhor”); e a palavra yadah (às vezes traduzidas por “dar graças”).
            O primeiro cântico na Bíblia, entoado depois de os israelitas atravessarem o mar Vermelho, foi, em síntese, um hino de louvor e ação de graças a Deus (Êx 15) “O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação; este é o meu Deus; portanto lhe darei uma habitação; ele é o Deus de meu pai; por isso, o exaltarei.” (Êx 15.2). Moisés instruiu os israelitas a louvarem a Deus pela sua bondade em conceder-lhes a terra prometida (Dt 8.10). O Cântico de Débora, por sua vez, congregou o povo expressamente para louvar ao Senhor (Jz 5.9). A disposição de Davi em louvar a Deus está gravada, tanto na história da sua vida em 2Sm 22.4,47, 50: “O Senhor, digno de louvor, invoquei e de meus inimigos fiquei livre. Vive o Senhor, bendito seja o meu rochedo; exaltado seja Deus, a rocha da minha salvação. Por isso, ó Senhor, te louvarei entre as nações, e entoarei louvores ao teu nome” e 1Cr 16, 4, 9, 25, 35,36; 29.20, como nos Salmos que escreveu (Sl 9.1,2; 18.3; 22.23; 52.9; 108.1,3; 145). Os demais salmistas também convocam o povo de Deus a, enquanto viver, sempre louvá-lo (Sl 33.1,2; 47.6,7; 75.9; 96.1-4; 100; 150). Finalmente, os profetas do AT ordenam que o povo de Deus o louve “Cantai ao Senhor uma cântico novo e o seu louvor, desde o fim da terra... Dêem glória ao Senhor e anunciem o seu louvor nas ilhas” (Is 42.10,12) e Jr 20.13; 33.9; Sl12. 1; Jl 2.26; Hc 3.3 também ordena o povo a louvar a Deus.
            O chamado para louvar a Deus também ecoa por todo NT. O próprio Jesus louvou a seu Pai celestial (Mt 11.25; Lc10. 21). Paulo espera que todas as nações louvem a Deus (Rm 15.9-11; Ef 1.3,6, 12) e Tiago nos conclama a louvar ao Senhor (Tg 3.9; 5.13). E, no fim, o quadro vislumbrado no Apocalipse é o de uma vasta multidão de santos e anjos, louvando a Deus continuamente (Ap 4.9-11; 5.8-14; 7.9-12; 11.16-18).
            Louvar a Deus é uma das atribuições principais dos anjos (Sl 103.20; 148.2) e é privilégio do povo de Deus, tanto crianças (Mt 21.16), como adultos (Sl 30.4; 135.1,2, 19-21). Além disso, Deus também conclama as nações a louvá-lo. Isto quer dizer tudo quanto tem fôlego está convocado a entoar bem alto os louvores a Deus (Sl 150.6). E, se tanto não bastasse, Deus conclama a natureza inanimada a louvá-lo, como por exemplo, o sol, a lua e as estrelas (Sl 148.2,4); os raios, o granizo, a neve, e o vento (Sl 148.8); as montanhas, colinas, rios e mares (Sl 98.7,8; 148,9; Is 44.23); todos os tipos de árvores (Sl 148.9; Is 55.12) e todos os tipos de seres vivos (Sl 69.34; 148.10).
                       
MÉTODOS DE LOUVOR
            Há várias maneiras de se louvar a Deus.
1)    O louvor é algo fundamental na adoração coletiva prestada pelo povo de Deus (Sl 100.4)
2)    Tanto na adoração coletiva como noutros casos, uma maneira de louvar a Deus é cantar, salmos, hinos e cânticos espirituais “Falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Ef 5.19,20). O cântico de louvor pode ser com a mente, isto é, em idiomas conhecidos ou com o espírito, isto é, em línguas (1Co 14.14-16).
3)    O louvor mediante instrumentos musicais. Neste particular o AT menciona instrumentos variados, de sopro, com chifre de carneiro e trombetas, e flauta (Sl 150, 3,4); instrumentos de cordas, como harpa e lira e instrumentos de percussão como tamborins e címbalos (Sl 150, 4,5).
4)    Podemos, também, louvar a Deus, ao falar ao nosso próximo das maravilhas de Deus para conosco, pessoalmente. Davi, por exemplo, depois da experiência do perdão divino, estava ansioso para relatar aos outros, que o Senhor fizera por ele (Sl 51.12,13, 15). Outros escritores bíblicos nos exortam a declarar a glória de Deus, na congregação do seu povo e entre as nações. Pedro conclama o povo de Deus “para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a maravilhosa luz” (1Pe 2.9). Noutras palavras, a obra missionária é um meio de louvar a Deus.
5)    Finalmente, o crente que vive a sua vida para a glória de Deus está a louvar ao Senhor. Jesus nos relembra que quando o crente faz brilhar a sua luz, o povo vê as suas boas obras e glorifica e louva a Deus (Mt 5.16). De modo semelhante, Paulo também mostra que uma vida cheio de frutos de justiça louva a Deus (Fp 1.11).
MOTIVOS PARA LOUVAR A DEUS

            Por que o povo louva ao Senhor?
            Uma das evidentes razões vem do esplendor, glória e majestade do nosso Deus, aquele que criou os céus e a terra, aquele a quem devemos exaltar na sua santidade.
            A nossa experiência dos atos poderosos de Deus, especialmente dos seus atos de salvação e de redenção, é uma razão extraordinária para louvarmos ao seu nome; deste modo, louvamos a Deus, pela sua misericórdia, graça e amor imutáveis.
            Também devemos louvar a Deus por todos os seus atos de livramento em nossa vida, tais como livramento de inimigos ou cura de enfermidades.

            Finalmente, o cuidado providente de Deus para conosco, dia após dia, tanto material como espiritualmente, é uma grandiosa razão para louvarmos e bendizermos o seu nome.