Lc 18.24,25:
“E, vendo Jesus que ele ficara muito
triste, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
Porque é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um
rico no reino de Deus. Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos
vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que
lho pedirem?”
Uma das
declarações mais surpreendentes feitas por nosso Senhor é que é muito difícil
um rico entrar no reino de Deus. Este, porém, é apenas um dos seus ensinos
sobre o assunto da riqueza e da pobreza. Esta sua perspectiva é repetida pelos
apóstolos em várias epístolas do NT.
RIQUEZA
Significa abundância de bens de
fortuna; abastança, fartura, opulência, luxo, ostentação.
Predominava entre os judeus daqueles
tempos a idéia de que as riquezas eram um sinal do favor especial de Deus, ou
seja, que a riqueza significava a presença da bênção de Deus, e que a pobreza
era um sinal de falta de fé e do desagrado de Deus. Os fariseus, por exemplo,
adotavam essa crença e escarneciam de Jesus por causa da sua pobreza. Se
analisarmos, em nossa geração, há muitos líderes espirituais e até mesmo,
muitas igrejas inteiras “denominações”, que se fundamentam em cima dessa idéia,
isto é, nossa geração está cheia de fariseus. Só que, essa idéia é firmemente
repelida por Cristo. “Nenhum servo pode
servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de
chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom (riquezas).”
(Lc 16.13).
A Bíblia identifica a busca
insaciável e avarenta pelas riquezas como idolatria, A qual é demoníaca
“Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição,
a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é
idolatria;” (Cl 3.5; 1Co 10.19,20). Por causa da influência demoníaca associada
à riqueza, a ambição por ela e a sua busca freqüentemente escravizam as
pessoas. Jesus sabe que a riqueza pode dar origem ao orgulho e ao sentimento de
domínio. Uma pessoa abastada, muitas vezes, pensa que não precisa de Deus, que está no controle da sua vida ou
a controla por intermédio de suas posses. Isto indica subserviência à criação,
e não ao Criador. Por este motivo, Jesus diz que é difícil dar prioridade a
Deus e ao Seu Reino quando se confia nos bens materiais.
As riquezas são, na perspectiva de
Jesus, um obstáculo, tanto à Salvação como ao discipulado. Transmitem um falso
censo de segurança. (Lc 12.15-20), enganam e exigem total lealdade do coração.
Quase sempre os ricos vivem como quem não precisa de Deus. Na sua luta para
acumular riquezas, os ricos sufocam sua vida espiritual (Lc 8.14), caem em
tentação e sucumbem aos desejos nocivos “Mas
os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas
concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.”
(1Tm 6.9), e daí abandonam a fé (1Tm 6.10). Geralmente os ricos exploram os
pobres (Tg 2.5,6). O cristão não deve, pois, ter ambição de ficar rico.
O amontoar egoísta de bens materiais
é uma indicação de que a vida já não é considerada do ponto de vista da
eternidade. O egoísta e o cobiçoso já não centraliza em Deus o seu alvo e a sua
realização, mas, sim, em si mesmo e em suas possessões. O fato de a esposa de
Ló pôr todo seu coração numa cidade terrena e seus prazeres, e não na cidade
celestial, resultou na sua tragédia.
Para o cristão, as verdadeira
riquezas consistem na fé e no amor que se expressam na abnegação e em seguir
fielmente a Jesus (1Co 13.4-7; Fp 2.3-5) “Não
façais nada por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere
os outros como superiores a sim mesmo.”
Quanto à atitude correta em relação
a bens e o seu usufruto, o crente tem a obrigação de ser fiel (Lc 16.11). O
cristão não deve apegar-se às riquezas como um tesouro ou garantia pessoal;
pelo contrário, deve abrir mão delas, colocando-as nas mãos de Deus para uso no
reino, promoção da causa de Cristo na terra, salvação dos perdidos e
atendimento de necessidades do próximo. Portanto, quem possui riquezas e bens
não deve julgar-se rico em si, e sim administrador dos bens de Deus. Os tais
devem ser generosos, prontos a ajudar o carente, e serem ricos em boas obras “Manda aos ricos deste mundo que não sejam
altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que
abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; Que façam bem
enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; Que
entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam
alcançar a vida eterna.” (1Tm 6.17-19).
Cada cristão deve examinar seu próprio coração e desejos;
sou uma pessoa cobiçosa? Sou egoísta? Aflijo-me para ser rico? Tenho forte
desejo de honrarias, prestígio, poder e posição, o que muitas vezes depende da
posse de muita riqueza? Ser rico não é pecado, o pecado se constitui, quando
colocamos nosso coração nas riquezas, e deixamos Deus em segundo plano.
POBREZA
Significa, estado
ou qualidade de pobre, falta de recursos, escassez, indigência, miséria,
penúria.
Uma das missões
que Jesus avocou na sua missão dirigida pelo Espírito Santo. Foi “evangelizar os pobres” (Lc 4.18).
Noutras palavras, o evangelho de Cristo pode ser definido como um evangelho dos
pobres (Mt 5.33; 11.5; Lc 7.22; Tg 2.5).
Os “pobres” (Gr. Ptochos) são os humildes e
aflitos deste mundo, os quais clamam a Deus em grande necessidade, buscando
socorro. Ao mesmo tempo, são fiéis a Deus aguardam a plena redenção do povo de
Deus, do pecado, sofrimento, fome e ódio, que prevalecem aqui no mundo. Sua
riqueza e SUS vida não consistem em coisas deste mundo. (ver Sl 22.26;
72.2,12,13; 147.6; Is 11.4; 29.19; Lc 6.20; Jo 14.3).
A libertação do
sofrimento, da opressão, da injustiça e da pobreza, com certeza virá aos pobres
de Deus (Lc 6.21). Até porque riqueza não traz felicidade, nem muito menos paz,
vemos isso constantemente nos noticiários, de pessoas extremamente ricas, mas
sem paz, em todos os sentidos.
Amém!
Erivelton de Jesus
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