“Ez 10.14: Então, se levantou a glória de
sobre o querubim para a entrada da casa; e encheu-se a casa de uma nuvem, e o
átrio se encheu do resplendor da glória do Senhor”.
Definição da glória de Deus
A
palavra glória no original bíblico hebraico “tip’eret”
que por sua vez significa “glória,
beleza, ornamento, distinção, orgulho”. Este substantivo aparece em torno
de 51 vezes e em todos os períodos do hebraico bíblico. O termo tip’eret (ou tip’arãh) significa “glória” em várias ocasiões. Relacionado
a Deus é usado para enfatizar Sua dignidade, renome e beleza. A expressão “glória de Deus” tem emprego variado na
Bíblia.
1)
Às vezes, descreve o esplendor e
majestade de Deus, uma glória tão grandiosa que nenhum ser humano pode vê-la e
continuar vivo. Quando muito pode-se ver apenas um “aparecimento de semelhança da glória do Senhor” (conforme a visão
de Ezequiel teve do trono de Deus, Ez 1.26-28). Neste sentido, a glória de Deus
designa sua singularidade, sua santidade e sua transcendência. Pedro emprega a
expressão “a magnífica glória” com um
nome de Deus em 2Pe 1.17.
2)
A glória de Deus também se refere
à presença visível de Deus entre o povo, glória esta que os rabinos de tempos
posteriores chamavam de “shekinah”
Shekinah é uma palavra hebraica que significa “habitação [de Deus]”, empregada para descrever a manifestação
visível da presença e glória de Deus. Moisés viu a shekinah de Deus na coluna
de nuvem e de fogo “E o Senhor ia adiante
deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite numa
coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de noite.”
(Êx 13.21). Em Êx 29.43 é chamada “minha
glória”. Ela cobriu o Sinai quando Deus outorgou a Lei, encheu o
Tabernáculo, guiou Israel no deserto e posteriormente enche o templo de
Salomão. Mais precisamente, Deus habitava entre os querubins no Lugar
Santíssimo do templo. Ezequiel viu a glória do Senhor levantar-se e afastar-se
do templo por causa da idolatria infrene ali (Ez 10.4,18, 19). O equivalente da
glória shekinah no NT é Jesus Cristo que, como a glória de Deus em carne
humana, veio habitar entre nós (Jo 1.14). Os pastores de Belém viram a glória
do Senhor no nascimento de Cristo (Lc 2.9), os discípulos a viram na
transfiguração de Cristo, e Estevão a viu na ocasião do seu martírio (At 7.55).
3)
Um terceiro aspecto da glória de
Deus é sua presença e poder espirituais. Os céus declaram glória de Deus “Os céus manifestam a glória de Deus e o
firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 19.1) e toda a terra está
cheia de sua glória (Is 6.3), todavia o esplendor da majestade divina não é
comumente visível, nem notado. Por outro lado, o crente participa da glória e
da presença de Deus em sua comunhão, seu amor, justiça e manifestações,
mediante o poder do Espírito Santo “Mas
todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do
Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo
Espírito Santo do Senhor” (2Co 3.18).
4)
Por último, o AT adverte que
qualquer tipo de idolatria é uma usurpação de glória de Deus e uma desonra ao
seu nome. Cada vez que Deus se manifesta como nosso Redentor, seu nome é
glorificado. Todo o ministério de Cristo na Terra redundou em glória ao nosso
Deus.
A GLÓRIA DE DEUS REVELADA EM JESUS CRISTO
Quando Isaías falou da vinda de Jesus Cristo, profetizou que nEle
seria revelada a glória de Deus para que toda raça humana a visse “E a gloria do Senhor se manifestará...”
(Is 40.5). Tanto João como o escritor aos Hebreus (Jo1. 14; Hb 1.3) testificam
que Jesus Cristo cumpriu essa profecia. A Glória de Cristo era a mesma glória
que Ele tinha com seu Pai antes que houvesse mundo. A glória do seu ministério
ultrapassou em muito a glória do ministério do AT. Paulo chama Jesus “o Senhor da glória”, e Tiago o chama “nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da
Glória” (Tg 2.1).
Repetidas
vezes, o NT refere-se ao vínculo em Jesus Cristo e a Glória de Deus. Seus
milagres revelavam a sua glória “Jesus
principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia e manifestou a sua
glória...” Jo 2.11). Cristo transfigurou-se em meio a “uma nuvem luminosa” (Mt 17.5), onde Ele recebeu glória. À hora da
sua morte foi à hora da sua glorificação “...
É chegada a hora em que o Filho do Homem há de ser glorificado”. (Jo
12.23). Subiu ao céu em glória, e agora está exaltado em glória (Ap 5.12,13), e
um dia voltará “sobre as nuvens dos céus
com poder e grande glória” (Mt 24.30).
A GLÓRIA DE DEUS NA VIDA DO CRENTE
Como a glória de Deus
relaciona-se ao crente pessoalmente?
Concernente à glória
celestial e majestosa de Deus, é bem verdade que ninguém pode contemplar essa
glória e sobreviver. Sabemos que ela existe, mas não a vemos. Deus habita em
luz e glória inacessíveis, que nenhum ser humano pode vê-lo face a face (1Tm
6.16).
A glória shekinah de Deus,
no entanto, era conhecida do seu povo nos tempos bíblicos. No decurso da
história, até o presente, sabe-se de crentes que tiveram visões de Deus,
semelhantes às de Isaías (Is 6) e Ezequiel (Ez 1), embora isso não fosse comum
naqueles tempos, nem agora. Experiência da glória de Deus, no entanto, é algo
que todos os crentes terão na consumação da salvação, quando virmos a Jesus
face a face. Seremos levados à presença gloriosa de Deus, e compartilharmos da
glória de Cristo (Rm 8.17,18) e receberemos uma coroa de glória (1Pe 5.4). Até
mesmos o nosso corpo ressurreto terá a glória de Cristo ressuscitado (1Co
15.42,43; Fp 3.21).
De um modo mais direto, o crente sincero experimenta a
presença espiritual de Deus. O Espírito Santo nos aproxima da presença de Deus
e do Senhor Jesus. Quando o Espírito opera poderosamente na igreja, através das
suas manifestações sobrenaturais (1Co 12.1-12), o crente experimenta a glória
de Deus no seu meio, isto é, um sentimento de majestosa presença de Deus,
semelhante ao que sentiram os pastores nos campos de Belém quando nasceu o
Salvador (Lc 2.8-20).
O crente que abandona o pecado e que repudia a idolatria
pode ser cheio da glória de Cristo (Jo 17.22), bem como do Espírito da glória;
na realidade, uma das razões de Jesus vir ao mundo foi para encher de glória os
crentes. Como salvos por Cristo Jesus, devemos viver a nossa vida inteira para
a glória de Deus, a fim de que Ele seja glorificado em nós, “Portanto, quer comais, quer bebais ou
façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus.” (1Co 10.31)
AMÉM!
Erivelton R. de Jesus
Fontes: Bíblia de
Estudos Pentecostal e outros
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