domingo, 28 de maio de 2023

58 - DONS ESPIRITUAIS PARA O CRENTE

             

DONS ESPIRITUAIS PARA O CRENTE

1Co 12.7: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.”

          PERPERCTIVA GERAL

          Uma das maneiras do Espírito Santo se manifestar é através de uma variedade de dons espirituais concedidos ao crente. Essas manifestações do Espírito visam à edificação e à santificação da igreja, conforme é declarado em 1Co 14.26, ficando claro que o propósito principal de todos os dons espirituais é edificar a igreja e o indivíduo. “Edificar” (gr. Oikodomeo {oikodomeo}) significa fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. Essa edificação é uma obra do Espírito Santo através dos dons espirituais, pelos quais os crentes são espiritualmente transformados mais e mais para que não se conforme como esse mundo, mas edificador na santificação, no amor a Deus, no bem-estar do próximo, na pureza de coração, numa boa consciência e numa fé sincera.

          Esses dons e ministérios não são os mesmos de Romanos 12.6-8 e Efésio 4.11 que declaram: “Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, como diligência; quem exerce misericórdia, com alegria” (Rm 12.6-8) e “E ele mesmo concedeu um para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11, mediante os quais o crente recebe poder e capacidade para servir na igreja de modo mais permanente.

          Vemos que a lista em 1Co 12.8-10 não é completa, relatando-nos  que “Porque a um é dada, mediante o Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um variedade de línguas; e a outro, capacidade de interpretá-las”. Os dons aí tratados podem operar em conjunto, de diferentes maneiras.

1)    As manifestações do Espírito dão-se de acordo com a vontade do Espírito, ao surgir a necessidade, e também conforme o anelo do crente na busca dos dons. Em 1Co 12.11, o apóstolo Paulo declara a cerca dos dons que: “... o Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente.” Fica claro em 1Co 12.31 que “Entretanto, procurai com zelo, os melhores dons...” ou seja, precisamos nos dedicar nessa busca, nessa procura com diligência, sem desanimar, desistir ou retroceder.

2)    Certos dons podem operar num crente de modo regular, e um crente pode receber mais de um dom para atendimento das necessidades específicas. O crente deve desejar “dons”, e não apenas um, “Segue o amor e procurai, com zelo os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis” (1Co 14.1).

3)    É antibíblico e insensato se pensar que quem tem um dom de operação exteriorizada, ou seja, mais visível, é mais espiritual do que tem dons de operação mais interiorizada, isto é, menos visível. Também, quando uma pessoa possui um dom espiritual, isso não significa que Deus aprova tudo que ela faz ou ensina. Não se pode confundir dons do Espírito com Fruto do Espírito, o qual se relaciona mais diretamente com o caráter e a santificação do crente, conforme Gálatas 5.22,23: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra essas coisas não há lei”.

4)    Satanás pode imitar a manifestação dos dons do Espírito, ou falsos crentes disfarçados como servos de Cristo podem fazer o mesmo, Cristo expressa isso muito claramente em Mateus 7.21-23: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.”

Assim, o crente não deve dar crédito a qualquer manifestação espiritual, mas deve “provar se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se tem levantado no mundo” (1Jo 4.1).

 

OS DONS ESPIRITUAIS

          Em 1Coríntios 12.8-10, o apóstolo Paulo apresenta uma lista de diversidade de dons que o Espírito Santo concede aos crentes. Nesta passagem, ele não descreve as características desses dons, mas noutros trechos das Escrituras temos ensino sobre os mesmos.

1)    DOM DA PALAVRA DA SABEDORIA (1CO 12.8):

 

Trata-se de uma mensagem sábia, enunciada mediante operação sobrenatural do Espírito Santo. Tal mensagem aplica a revelação da Palavra de Deus ou a sabedoria do Espírito Santo a uma situação ou um problema específico, como exemplo, se na vida de Estevão, que está registrado em Atos 6, porém, destaco o versículo 10, que nos diz: “e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava.”. Não se trata aqui da sabedoria comum de Deus, para o viver diário, que se obtém pelo diligente estudo e meditação nas coisas de Deus e na Sua Palavra, e pela oração. Se trata de uma sabedoria vinda do Espírito Santo, o qual conhece a mente de Cristo.

 

2)    DOM DA PALAVRA DO CONHECIMENTO (1CO 12.8):

Trata-se de uma mensagem vocal, inspirada pelo Espírito Santo, verdades bíblicas. Frequentemente, esse dom tem estreito relacionamento como o de profecia.

 

3)    DOM DA FÉ (1CO 12.9):

 

Não se trata da fé para salvação, mas de uma fé sobrenatural especial, comunicada pelo Espírito Santo, capacitando o crente a crer em Deus para realização de coisas extraordinárias e milagrosas. É a fé que remove montanhas e que frequentemente opera em conjunto com outras manifestações do Espírito, tais como as curas e os milagres.

Em Mateus 17.20, Jesus fala de uma fé que pode remover montanhas, operar milagres e curas, e realizar grandes coisas para Deus. Que fé é esta que Jesus fala?

·       A fé genuína é uma fé eficaz que produz resultados: nada vos será impossível.

·       Esta fé não é uma crença na fé como uma força ou poder, mas fé em Deus.

·       Esta fé é uma obra de Deus que tem lugar no coração do cristão. É a plena certeza que Deus transmite ao coração, de que nossa oração é respondida. Esta fé é criada interiormente no crente, pelo Espírito Santo. Não podemos produzi-la em nós mesmos por meio da nossa mente.

·       Uma vez que essa fé em Deus é um dom que Cristo comunica ao nosso coração, importa-nos estar unidos a Jesus e à sua Palavra e ser mais consagrados a Ele. Dependemos dEle em tudo; Ele declara: “Sem mim nada poderei fazer” (Jo 15.5). Noutras palavras, devemos buscar a Cristo que é o autor e consumador da nossa fé (Hb12.2). A real presença de Cristo conosco e nossa obediência à sua Palavra são a origem e o segredo da fé.

·       A verdadeira fé opera o controle de Deus, ele no-la concede à base do seu amor, sabedoria, graça e propósito soberano, para execução da sua vontade e como expressão do seu amor por nós. Não de ser usada para nosso próprio proveito egoísta.

 

4)    DONS DE CURA (1CO 12.9):

 

Esses dons são concedidos à igreja para a restauração da saúde física, por meios divinos e sobrenaturais. O plural “dons” indica curas de diferentes enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um dom especial de Deus. Os dons de cura não são concedidos a todos os membros do corpo de Cristo, conforme 1Co 12.11,30 que declara: “Mas um só Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer. Tem todos dons de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?”, todavia, todos eles poder orar pelos enfermos. Pois, havendo fé, os enfermos serão curados. Pode também haver cura em obediência ao ensino bíblico de Tiago 5.14-16 que nos diz: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o como óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curado. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.”

Tiago, aqui, está falando da doença física. Em caso de doença o crente deve pedir oração dos presbíteros ou dirigentes da igreja. Certo que, primeiro, é dever dos pastores e outros dirigentes da igreja orar pelos enfermos e ungi-los com azeite. Segundo, o azeite, sem dúvida, simboliza o Espírito Santo e seu poder sanador; a unção estimula a fé. Terceiro, o que Tiago enfatiza como mais importante é a oração. A oração eficaz deve ser proferida com fé, para que haja cura dos enfermos. Saiba, que o Senhor concederá fé conforme a sua vontade. E quarto, nem sempre as pessoas serão curadas, todavia, o dever da igreja é continuar buscando o poder divino sanador, por compaixão para com os enfermos e visando à glória de Cristo.

Aqui, Tiago também reconhece que a doença pode ser causada por pecado. Por isso, sempre que surge uma doença, o enfermo deve examinar-se diante do Senhor em oração, para ver se a doença vem de algum pecado pessoal. A palavra “se”, deixa claro que a doença sempre é resultado de pecado pessoal.

 

5)    DOM DE OPERAÇÃO DE MILAGRES (1CO 12.10):

 

Trata-se de atos sobrenaturais de poder, que intervêm nas leis da natureza. Incluem atos divinos em que se manifesta o reino de Deus contra Satanás e os espíritos malignos, notem o quê relata João em seu Evangelho, capítulo 6, versículo 2: “Seguia-o numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que Ele fazia na cura dos enfermos”, esses sinais também podem ser descritos por milagres, e esses milagres são: Operações de origem e caráter sobrenaturais; e podem ser um sinal distintivo ou marca da autoridade divina.

Precisamos entender também que os propósitos desses milagres no reino de Deus são pelo menos três: dar testemunho de jesus Cristo, autenticando a veracidade da sua mensagem e comprovando a sua identidade de Deus; segundo, expressar o amor compassivo de Deus em Cristo, e; terceiro, evidenciar a era da salvação, a vinda do reino de Deus e a invasão do domínio de satanás por Deus.

 

As Escrituras afirmam que os milagres vão continuar durante toda a época da igreja, pois, Jesus enviou seu discípulos para pregar a Palavra e operar milagres; Jesus declarou que todos aqueles que nEle cressem mediante a pregação do Evangelho realizariam as obras que ele realizava e obras maiores do que aquelas; também no livro de Atos fala, repetidas vezes da operação de milagres na vida dos crentes. Esses seriam os “sinais”? que perseguiriam e confirmariam a pregação do evangelho; ficando claro que, os dons de cura e o poder de operar milagres fazem parte dos dons que o Espírito quer conceder à igreja no decurso desta presente era. Precisamos observar também que, conforme o ensino do NT, falsos mestres e pregadores também realizam sinais e prodígios.

 

6)    DOM DE PROFECIA (1CO 12.10):

 

É preciso distinguir a profecia aqui mencionada, como manifestação momentânea do Espírito da profecia como dom ministerial na igreja, mencionado em Efésio 4.11. Como domo de ministério, a profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais sevem na igreja como ministros e profetas. Como manifestação do Espírito, a profecia está potencialmente disponível a todo cristão cheio dEle. Quanto à profecia, como manifestação do Espírito observe o seguinte:

 

a)    Trata-se de um dom que capacita o crente a transmitir a Palavra de Deus ou revelação diretamente do Senhor, sob o impulso do Espírito Santo. Aqui, não se trata da entrega de sermão previamente preparado.

b)    Tanto no AT, como no NT, profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de Deus e exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência.

c)     A mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma pessoa, ou prover edificação, exortação, consolo, advertência e julgamento.

d)    A igreja não deve ter como infalível toda profecia deste tipo, porque muitos falsos profetas estarão na igreja. Daí, toda profecia deve ser julgada quanto à sua autenticidade e conteúdo. Ela deverá enquadrar-se na Palavra de Deus, contribuir para a santidade de vida dos ouvintes e ser transmitida por alguém que de fato vive submisso e obediente a Cristo

e)    O dom de profecia manifesta-se segundo a vontade de Deus e não do homem. Não há no NT um só texto mostrando que a igreja buscava revelação ou orientação através dos profetas. A mensagem profética ocorria na igreja quando Deus tomava o profeta para isso.

f)      Lembrando-vos que estamos tratando aqui do dom de profecia e não do ministério profético, que faz parte do quíntuplo ministério relatado em Efésio 4.11, ministério esse que, por muito tempo foi desprezado pela igreja, entre outros, colocando nas costas do pastor, ou melhor, resumindo tudo no ministério pastoral, mas, enfim, isso é para outro estudo.

 

7)    DOM DE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITO (1CO 12.10):

 

Trata-se de uma dotação especial dada pelo Espírito, para o portador do dom discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo ou não. No fim dos tempos, quando os falsos mestres e a distorção do cristianismo bíblico aumentarão muito, esse dom especial será extremamente importante para a igreja.

 

8)    DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS (1CO 12.10):

 

No tocante às “línguas” do glossa (glossa) que significa: língua como membro do corpo humano, órgão da fala; língua como idioma ou dialeto usado por um grupo particular de pessoas, diferente dos usados por outras nações. Essas línguas como manifestação sobrenatural do Espírito, notemos os seguintes fatos:

 

·       Essas línguas podem ser humanas e vivas conforme Atos 2.4-6, ou línguas desconhecidas na terra, como exemplo as “línguas dos anjos” (1Co 13.1). A língua falada através desse dom não é aprendida, no que diz respeito a estudos, e quase sempre não é entendida, tanto por quem fala, como pelos ouvintes (1Co 14.14,16);

·       O falar noutras línguas como dom abrange o espírito do homem e o Espírito de Deus, que entrando em mútua comunhão, faculta ao crente a comunicação direta com Deus, isto é, na oração, no louvor, no bendizer e na ação de graça, expressando-se mais através do espírito do que da mente e orando por si mesmo ou pelo próximo sob a influência direta do Espírito Santo, à parte da atividade da mente.

·       Línguas estranhas faladas no culto devem ser seguidas de interpretação, também pelo Espírito, para que a congregação conheça o conteúdo e o significado da mensagem. Ela pode conter revelação, advertência, profecia ou ensino para a igreja.

·       Deve haver ordem quanto ao falar em línguas em voz alta durante o culto. Quem fala em línguas pelo Espírito, numa fica em “êxtase” ou “fora de controle”.

 

9)    DOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (1CO 12.10):

 

Trata-se da capacidade concedida pelo Espírito Santo, para o portador deste dom compreender e transmitir o significado de uma mensagem da em línguas. Tal mensagem interpretada para a igreja reunida, pode conter ensino sobre a adoração e a oração, ou pode ser uma profecia. Toda congregação pode assim desfrutar dessa revelação vinda do Espírito Santo. A interpretação de uma mensagem em línguas pode ser um meio de edificação da congregação inteira, pois toda ela recebe a mensagem. A interpretação pode vir através de quem deu a mensagem em línguas, ou de outra pessoa. Quem fala em línguas deve orar para que possa interpretá-la.

 

 

AMÉM!

 

 

         

domingo, 18 de outubro de 2020

57 - Três classes de pessoas

 TRÊS CLASSES DE PESSOAS

            1Co 2.14,15: Ora, o homem natural não compreende as coisas do espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem todas as cousas, e ele de ninguém é discernido.

 

                        DIVISÃO BÁSICA DA RAÇA HUMANA

            As Sagradas Escrituras dividem todos os seres humanos em geral, em duas classes:

1)      O homem/mulher natural (gr psuchikos “ψυχικος”), denotando a pessoa irregenerada, isto é, governada por seus próprios instintos naturais, conforme descrito em 2Pe 2.12 “Mas estes, como bestas brutas (animais irracionais), que seguem a natureza, feitas para serem presas mortas, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção”. Tal pessoa não tem o Espírito Santo, está sob o domínio de Satanás e é escravo da carne com suas paixões, “entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamento; e éramos, por natureza, filhos da ira, com também os demais.” (Ef 2.3). Pertence ao mundo, está em harmonia com ele e rejeita as coisas do Espírito. A pessoa natural não consegue compreender a Deus, nem os seus caminhos; pelo contrário, depende do raciocínio ou emoção humanas.

2)      O homem/mulher espiritual (gr peneumatikos “πνευματικος”), denota a pessoa regenerada, isto é, que tem o Espírito Santo. Essa pessoa tem mentalidade espiritual, conhece os pensamentos de Deus e vive pelo Espírito de Deus conforme 1Co 2.11-13 “Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim também, as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais.”.  Tal pessoa crê em Jesus Cristo, esforça-se para seguir a orientação do Espírito que nela habita e resiste aos desejos sensuais e ao domínio do pecado, “porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis. Pois, todos que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”. (Rm 8.13,14).

Como tornar-se um crente espiritual?

Aceitando pela fé a Salvação em Cristo, a pessoa é regenerada; o Espírito Santo lhe confere uma nova natureza mediante a concessão da vida divina. Essa pessoa nasce de novo, é renovada, torna-se uma nova criatura e obtém a justiça de Deus mediante a fé em Cristo.

                             UMA DISTINÇÃO ENTRE OS CRENTES

      Embora o crente nascido de novo recebe a nova vida do Espírito, ele tem residente em si a natureza pecaminosa, com suas perversas inclinações, conforme descrito muito bem em Gálatas 5.16-21 como obras da carne. A natureza pecaminosa que no crente existe, não pode ser mudada em boa; precisa ser mortificada e vencida pelo poder e graça do Espírito Santo. O crente obtém tal vitória negando-se a si mesmo diariamente, deixando todo impedimento ou pecado, resistindo a todas as inclinações pecaminosas. Pelo poder do Espírito Santo, o próprio crente guerreia contra a natureza pecaminosa e diariamente a crucifica e a mortifica. Pela abnegação e submissão à obra santificadora do Espírito Santo em sua vida, o crente em Cristo experimenta a libertação do poder da sua natureza pecaminosa e vive como um crente espiritual, conforme nos instrui a carta aos Romanos 6.13 “nem ofereçais cada um os menbros do seu corpo ao pecado, como instrumento de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.”

      Nem todo crente  se esforça como devia para vencer plenamente sua natureza pecaminosa. Ao escrever aos coríntios (1Co 3.1-3), que alguns deles viviam com carnais (gr sarkikos “σαρκικος”), isto é, ao invés de resistirem com firmeza às inclinações da sua natureza pecaminosa, entregavam-se a algumas delas. Embora não vivessem em contínua obediência, estavam em parceria com o mundo, a carne e o diabo em certas áreas de suas vidas, e mesmo assim querendo permanecer como povo de Deus. “Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios, ou provocaremos zelos no Senhor? Somos, acaso, mais fortes do que Ele?”  (1Co 10.21,22).

1)      A figura do crente carnal.

Embora os crentes de Corinto não vivessem em total carnalidade e rebeldia, nem praticassem grave imoralidade e iniqüidade, que os separaria do reino de Deus, estavam vivendo de tal maneira que na não crescia na graça. E assim como recém-convertidos, sem divisar o pleno alcance da salvação em Cristo. A carnalidade deles era vista na “inveja e contendas”  como está relatado em 1Co 3.3 “porque ainda sois carnais, pois havendo entre vós inveja, contendas e dissenções, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens?”. Não se afligiam com a imoralidade dentro da igreja. Não levavam a sério a Palavra de Deus, nem os ministros do Senhor. Moviam ação judicial, irmãos contra irmãos, por razões triviais. Observe-se que os crentes coríntios que estavam vivendo em imoralidade sexual e pecados semelhantes, Paulo os têm como excluídos da salvação em Cristo. “Geralmente, se ouve entre vós imoralidade (porneia) e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; Mas , agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra ou maldizente, ou beberrão, ou roubador, com esse tal, nem ainda comais.” (1Co 5.1,9,11). “Ou não sabeis que os injusto não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis; nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus” (1Co 6.9,10).

2)       Perigos para cristãos carnais

Os cristãos carnais corriam o perigo de se desviarem da pura e sincera devoção a Cristo e de se conformarem cada vez mais com o mundo. Caso isso continuasse, seriam castigados e julgados pelo Senhor, e se continuassem a viver segundo o mundo, acabariam sendo excluídos do reino de Deus. Realmente, alguns deles já estavam mortos espiritualmente, por viverem em pecados que levam a isso. Em sua carta aos Romanos 8.13, Paulo nos declara: “Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte, se pelo Espírito, mortificardes os efeitos do corpo; certamente vivereis.”.

3)      Advertências aos cristãos carnais

Se um crente carnal não tomar a resolução de se purificar de tudo quanto desagrada a Deus, ele corre o risco de abandonar a fé. O crente carnal deve tomar cuidado, como exemplos o fato trágico dos filhos de Israel, que foram destruídos por Deus por causa de seus pecados. Os cristãos carnal devem entender que é impossível participar das coisas de Deus e das coisas de Satanás ao mesmo tempo. Devem separar-se completamente do mundo e purificar de tudo quanto contamina o corpo e o Espírito, aperfeiçoando a sua santificação no temos do Senhor, “Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne côo do Espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor do Senhor”. (2Co 7.1).

 

 

 

Amém!

domingo, 23 de agosto de 2020

56. ISRAEL NO PLANO DIVINO PARA A SALVAÇÃO

 

Romanos 9.6: “Não que a Palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas”.

            INTRODUÇÃO:

            Em Romanos, capítulos 9 ao 11, Paulo trata da eleição de Israel no passado, da sua rejeição do evangelho no presente, e da sua salvação futura. Esses três capítulos foram escritos para responder à pergunta que os crentes judaicos faziam: Como as promessas de Deus a Abraão e à nação de Israel poderiam permanecer válidas, quando a nação de Israel, como um todo, não parece ter parte no Evangelho? O presente estudo resume o argumento de Paulo.

            SÍNTESE:

            Há três elementos distintos no exame que Paulo faz de Israel no plano da salvação.

1.    O primeiro (Rm 9.6-29) é um exame de Israel no passado:

1.1.  Em Romanos 9.6-13, Paulo afirma que a promessa de Deus a Israel não falhou, pois a promessa era só para os fiéis da nação. Visava somente o verdadeiro Israel aqueles que eram fiéis à promessa. Sempre tem um Israel dentro de Israel, que tem recebido a promessa. Exemplo disso é o atendimento da parte de Abraão à chamada em Gênesis 12.1-3.

1.2. Em Romanos  9.14-29,  Paulo chama a nossa atenção pelo fato de que Deus tem o direito de fazer o que Ele quer como os indivíduos e as nações. Tem o direito de rejeitar a Israel, se desobedecerem a Ele e o direito de usar de misericórdia para com os gentios, oferecendo-lhes a salvação, se Ele assim decidir.

2.    O segundo elemento (Rm 9.30 – 10.21) analisa a rejeição presente do Evangelho por Israel. Seu erro de não voltar-se para Cristo, não se deve a um decreto incondicional de Deus, mas à sua própria incredulidade e desobediência, no capítulo 10.3 diz: “Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus;”.

3.    Finalmente, Paulo explica (Rm 11.1-36) que a rejeição de Israel é apenas parcial e temporária. Israel por fim, aceitará a salvação divina em Cristo. O argumento dele contém vários passos.

3.1.  Deus não rejeitou o Israel verdadeiro, pois Ele permanece fiel ao “remanescente”  que permanece fiel a Ele, aceitando a Cristo (Rm 11.1-6).

3.2. No presente, Deus endureceu a maior parte de Israel, porque os israelitas não quiseram aceitar a Cristo ( Rm 11. 7-10).

3.3.  Deus transformou a transgressão de Israel, isto é, a crucificação de Cristo, numa oportunidade de proclamar a salvação a todo o mundo (Rm 11.11,12,15).

3.4. Durante esse tempo presente da incredulidade nacional de Israel, a salvação de indivíduos, tanto de judeus como os gentios depende da fé em Jesus Cristo (Rm 11. 13-24).

3.5. A fé em Jesus Cristo, por uma parte de Israel nacional, acontecerá no futuro (Rm 11.25-29).

3.6. O propósito sincero de Deus é ter misericórdia de todos, tanto de judeus como dos gentios, e incluir no seu reino todas as pessoas que crêem em Cristo (Rm 11.30-36).

PERSPECTIVA

            Várias coisas se destacam nestes três capítulos.

1)    Esse exame da condição de Israel não se refere à vida ou morte eterna de indivíduos após a morte Pelo contrario, Paulo está tratando do modo como Deus lida com nações e povos do ponto de vista histórico, isto é, do seu direito de usar as nações como Ele quer. Por exemplo, sua escolha de Jacó em lugar de seus irmão Esaú, vejamos: “porque, não tendo eles nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama)” (Rm 9.11), teve como propósito fundar e usar a nação de Israel e de Edom, oriundas dos dois. Nada tinha que ver com seu destino eterno, isto é, quanto a sua salvação ou condenação como indivíduos. Uma coisa é certa, Deus tem o direito de chamar as pessoas e nações que Ele quiser, e determinar-lhes responsabilidades a cumprir.

2)    Paulo expressa sua constante solicitude e intensa tristeza pela nação judaica (Rm 9.1-3). O proprio fato que Paulo ora para que seus compatriotas sejam salvos, revela que ele não admitia o ensino teológico da predestinação, afirmando que todas as pessoas já nascem predestinadas, ou para o céu, ou para o inferno. Pelo contrário, o sicero desejo e oração de Paulo reflete a vontade de Deus para o povo judaico, até mesmo Cristo chorou por seu povo, vejamos em Lucas 19.41: “E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela”, Jesus , sabendo que os judeus e seus líderes aguardavam um Messias político e que por fim o rejeitariam como o Messias prometido por Deus, chora por eles, que em breve sofreriam um terrível juízo. A palavra “chorou” (gr Eklausen), aqui, significa mais que derramar lágrimas. É lamentação, pranto, soluço e clamor de uma alma em agonia. Jesus, em sua deidade, não somente revela aqui seu sentimento, como também o coração partido do próprio Deus, por causa da condição do homem e da sua recusa em arrepender-se e aceitar a salvação. No Novo Testamento não se encontra o ensino de que determinadas pessoas foram predestinadas ao inferno antes de nascer.

3)    O mais relevante neste assunto é o tema fé. O estado espiritual de perdido, da maioria dos israelitas, não fora decretado por um decreto arbitrário de Deus, mas ,resultado da sua própria recusa de se submeterem ao plano divino mediante a fé em Cristo. Inúmero gentios, porém, aceitaram o caminho de Deus, que é o da fé, e alcançaram a justiça mediante a fé. Obedeceram a Deus pela fé e se tronaram “filhos do Deus vivo” Rm 9.25,26). Esse fato ressalta a importância de obediência mediante a fé no tocante à chamada e eleição da parte de Deus.

4)    A oportunidade de salvação está perante Israel, se ela largar sua incredulidade. Semelhantemente, os crentes gentios que agora são parte da igreja de Deus são advertidos de que também correm o mesmo risco de serem cortados da salvação. Eles devem perseverar na fé com temor. A advertência aos crentes gentios em Romanos 11.20-23, pelo fato da falha de Israel, é tão válida hoje quanto foi no dia em que Paulo escreveu.

5)    As Escrituras estão repletas de promessas de uma futura restauração de Israel ao aceitarem o Messias. Tal restauração terá lugar ao findar-se a Grande Tribulação, na iminência da volta pessoal de Cristo.

 

Amém!

Erivelton de Jesus

55. FÉ E GRAÇA

 

Romanos 5.21: “Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.”          

            A salvação é um dom da graça de Deus, mas somente podemos recebê-la em resposta à fé, do lado humano. Para entender corretamente o processo da salvação, precisamos entender essas duas palavras: Fé e Graça.

FÉ SALVÍVICA

A fé em Jesus Cristo é a única condição prévia que Deus requer do homem para a Salvação. A fé não é somente uma confissão a respeito de Cristo, mas também uma ação dinâmica, que brota do coração do crente que quer seguir a Cristo como Senhor e Salvador. Conforme Cristo declara em seus Evangelhos a necessidade que temos de agir caso queremos o seguir, todos que decide seguir a Cristo tem que sair da inércia, se esforçar, sair do comodismo, marasmo, etc., conforme o próprio Jesus disse em Mateus 4.19: “E disse-lhes: vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”;  em Lucas 9.23-25: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque qualquer que quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas qualquer que, por amor a mim, perder a sua vida a salvará. Porque que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando a si mesmo?”

            Portanto, aceitar Jesus como Senhor e Salvador requer não somente crer na veracidade do Evangelho, mas também assumir o compromisso de segui-lo. Cada dia, é preciso considerar a resolução de negar-se a si mesmo, ou viver seus próprios desejos egoístas. Pois a Cruz de Cristo é símbolo de sofrimento, morte, vergonha, zombaria, rejeição e renúncia pessoal. Quando o crente toma a sua cruz e segue a Cristo, ele nega-se a si mesmo e decide abraçar três classes de lutas e sofrimentos:

1.      Lutar até o fim contra o pecado, crucificando suas próprias concupiscências;

2.      Lutar até o fim contra Satanás e os poderes das trevas, para estender o reino de Deus, e enfrentar a hostilidade do adversário e das hostes infernais, bem como a perseguição que surge por resistirmos aos falsos mestres que distorcem o verdadeiro evangelho; e

3.      Sofrer o opróbrio, o ódio e o escárnio do mundo por testificarmos, com amor, que suas obras são más, por separarmo-nos dele moral e espiritualmente.

Precisamos entender que o conceito de fé no Novo Testamento abrange quatro elementos principais:

A.      A fé significa crer e confiar firmemente no Cristo crucificado e ressurreto como nosso Senhor e Salvador pessoal, em sua carta aos Romanos 1.17, Paulo declara-nos: “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé”. Esse termo “De fé em fé” significa literalmente “fé do começo ao fim”. Então, importa em crer de todo coração, ou seja, entregar a nossa vontade e a totalidade do nosso ser a Jesus Cristo tal como Ele é revelado no Novo Testamento.

B.      Fé inclui arrependimento, isto é, desviar-se do pecado com verdadeira tristeza e voltar-se para Deus através de Cristo. O apóstolo Paulo em seu discurso em Atenas declara “Mas Deus, não tendo em conta os tempos de igenorância, anuncia a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam.” (At 17.30). Aos coríntios ele escreve: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”. (2Co 7.10). Queridos, a fé salvívica é sempre FÉ + ARREPENDIMENTO. Em sua primeira ministração dado o ocorrido de pentecostes, Pedro, disse àqueles que ouviram e creram: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.37,38). A mensagem de João, o Batista, era: “...Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2). Também declarando a necessidade de arrependimento aos que crêem. O significado básico de arrependimento (gr metaneo {metaneo}) é ‘voltar-se ao contrário’, ou seja, dar uma volta completa. Trata-se de abandonar os maus caminhos e voltar para Cristo e, através dEle, para Deus.

C.      A fé inclui obediência a Jesus Cristo e à sua Palavra, como maneira de viver inspirada nossa fé, por nossa gratidão a Deus e pela obra regeneradora do Espírito Santo em nós. É a obediência que provém da fé. Logo, fé e obediência são inseparáveis “mas que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras, dos profetas, segundo o mandamento do Deus eternos, a todas as nações para obediência da fé” (Rm 16.26). Sendo assim, a fé salvívica sem uma busca dedicada da santificação é ilegítima e impossível.

D.     A fé inclui sincera dedicação pessoal e fidelidade a Jesus Cristo, que se expressam na confiança, amor, gratidão e lealdade para com Ele. A fé, no seu sentido mais elevado, não se diferencia muito do amor. É uma atividade pessoal de sacrifício e de abnegação para com Cristo. O próprio Jesus sintetizando os dez mandamentos disse “...Amarás o Senhor; teu Deus, de todo o  teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mt 22.37). Portanto, o que Deus pede de todos quantos crêem em Cristo e que recebem a salvação é o amor devotado.

D1) Este amor requer uma atitude de coração, pela qual atribuímos a Deus tanto valor e estima, que verdadeiramente ansiamos pela comunhão com Ele, esforçamo-nos para obedecer-lhe e sinceramente nos importamos com sua glória e vontade na terra. Aqueles que realmente amarem a Deus, desejarão compartilhar ao sofrimento por amor a Ele, promover seu reino e viver em prol da sua honra e dos seus padrões de justiça na  terra.

D2) Nosso amor a Deus deve ser sincero e predominante, inspirado pelo seu amor a nós, mediante o qual Ele deu seu Filho para nos salvar.

D3) O amor de Deus abrange: um vínculo pessoal de fidelidade e lealdade a Ele; a fé como firme e inabalável liame com aquele a quem fomos unidos pela filiação; o fiel cumprimento das nossas promessas e compromissos com Ele; a devoção cordial, expressada em nossa dedicação aos padrões justos de Deus no meio de um mundo que o rejeita; e o anseio pela sua presença e pela comunhão com Ele.

            Todavia, precisamos compreender também que, a fé em Jesus como nosso Senhor e Salvador é tanto um ato de um único momento, como uma atitude contínua para a vida inteira, que precisa crescer e fortalecer, o evangelista João diz: “Mas todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus;  aos que crêem em seu nome” (Jo 1.12) (grifo nosso). Destaquei essas duas palavras pra você  entender que João nunca emprega o substantivo “fé” (gr pistis ‘pistis’). Entretanto, emprega o verbo “crer” (gr pisteuo ‘pisteuo’) 98 vezes. Para João, a fé salvívica é, pois, uma atividade; algo que as pessoas realizam. A verdadeira fé não é crer e confiar de modo estático em Jesus e na sua obra redentora, mas uma dedicação amorosa e abnegada que continuamente nos aproxima dEle como Senhor e Salvador. Este versículo retrata claramente como a fé salvívica é tanto um ato instantâneo como uma atitude para a vida inteira.

·         Para alguém se tornar filho de Deus, deve “receber” (gr elabon, de lambano ‘elabon, de lambano’) a Cristo. O tempo do aoristo aqui denota um ato definido de fé.

·         Após este ato de fé, receber a Cristo como Salvador, deve haver da parte do pecador uma ação contínua de crer. O verbo “crer” (gr pistousin, de pisteuo ‘pistousin, de pisteuo’) é um particípio presente ativo, indicando a necessidade da perseverança no crer. A fé genuína precisa continuar após o ato inicial da pessoa aceitar a Cristo para que Ela seja salva. “Aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mt 10.22).

Porque temos fé numa Pessoa real e única que morreu por nós, nossa fé deve crescer. A obediência e a confiança transforma-se em fidelidade e devoção; nossa fidelidade e devoção transformam-se numa intensa dedicação pessoal e amorosa ao Senhor Jesus Cristo. O apóstolo Paulo retrata muito bem isso escrevendo aos Gálatas 2.20: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim”. Paulo descreve seu relacionamento como Cristo em termo de união pessoal profunda com o seu Senhor e de sua dependência dEle. Aqueles que tem fé em Cristo, vivem uma vida em comunhão íntima com Ele tanto na morte como na ressurreição. Paulo declara que todos os crentes foram crucificados com Cristo na cruz. Morreram para a Lei como meio de Salvação, em Cristo, o pecado já não tem domínio sobre eles. Paulo está afirmando, agora que nós fomos crucificados com Cristo, agora vivemos com Ele mediante sua vida ressurreta. Cristo e a sua força habitam em nós, e se tornam o manancial de toda a nossa vida, e o centro de todos os nossos pensamentos, palavras e ações. É mediante o Espírito Santo que a vida ressurreta de Cristo continuamente nos é comunicada. Paulo afirma que, participamos da morte e ressurreição de Cristo, pela fé, isto é, a crença, a confiança, o amor, a devoção e a lealdade que temos nos filho de Deus que nos amou e se entregou por nós. Esse viver pela fé pode ser considerado com o viver pelo Espírito.

 

GRAÇA

            No Antigo Testamento, Deus revelou-se como um Deus da graça e misericórdia, demonstrando amor para com seu povo, não porque este merecesse, mas por causa da fidelidade de Deus à sua promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó. Os escritores bíblicos dão prosseguimento ao tema da graça como sendo a presença e o amor de Deus em Cristo Jesus, transmitidos aos crentes pelo Espírito Santo, e que lhes outorga misericórdia, perdão, querer e poder para fazer a vontade de Deus. No evangelho segundo João 3.16, é a expressão máxima, em minha opinião, de amor e graça de Deus por nós, quando declara: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”. Amor este suficientemente imenso para abranger todos os homens, isto é, o mundo. Fato é que, toda atividade da vida cristã, desde o seu início até o fim, depende desta graça divina.

            Permita-me destacar algumas características dessa graça:

1)      Deus concede uma medida da sua graça como dádiva aos incrédulos, Paulo declara aos irmãos de Corinto: “Sempre dou graças a Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo”; “Mas pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã; antes trabalhei muito ais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”. (1Co 1.4; 15.10). Demonstrando-nos que essa graça foi dada aos incrédulos, a qual Paulo se encaixava, para que possam crer no Senhor Jesus Cristo “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9). A Bíblia está nos declarando que ninguém poderá ser salvo pelas obras e boas ações, ou por tentar guardar os mandamentos de Deus. Seguem-se as razões:

a)      Todos não-salvos estão espiritualmente mortos, sob o domínio de Satanás, escravizados pelo pecado, e sujeito à condenação divina.

b)      Para sermos salvos precisamos receber a provisão divina da salvação, ser perdoados do pecado, ser espiritualmente vivificados, ser feitos novas criaturas e receber o Espírito Santo. Nenhum esforço da nossa parte poderá realizar essas coisas

c)      O que opera a salvação é a graça de Deus mediante a fé. O dom salvívico de Deus inclui os seguintes passos:

·         A chamada ao arrependimento e à fé. Com essa chamada vem a obra do Espírito Santo na pessoa, dando-lhe capacidade de voltar-se para Deus.

·         Aqueles que respondem com fé e arrependimento e aceiram a Cristo como Senhor e Salvador, recebem graça adicional para sua regeneração, ou novo nascimento, pelo Espírito Santo, e ser cheios.

·         Aqueles que se tornam novas criaturas em Cristo, recebem graça contínua par viver a vida cristã, resistir ao pecado e servir a Deus. O crente se esforça em viver para Deus, mediante a graça que nele opera. A graça divina opera no crente dedicado, tanto par ele querer, como para cumprir a boa vontade de Deus. Do começo ao fim, a salvação é pela graça de Deus.

2)      Deus concede graça aos crente para quês seja “liberto do pecado” (Rm 6.20,22), para que nele opere “tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13), para orar, para crescer em Cristo e para testemunhar de Cristo.

3)      Devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus, a carta aos Hebreus nos instrui que devemos “Chegar, pois, com confiança do trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb 4.16). Porque Cristo se compadece das nossas fraquezas, podemos chegar com confiança ao trono celestial, sabendo que nossas orações e petições são bem acolhidas e ouvidas por nosso Pai celestial. É chamado o “trono da graça”, porque dele fluem o amor, o socorro, a misericórdia, o perdão, o poder divino, o batismo com o Espírito Santo e tudo de que precisamos em todas as circunstancias. Uma das maiores bênçãos da Salvação é que Cristo, agora, é nosso sumo sacerdote, conduzindo-nos até a sua presença pessoal, de modo que sempre podemos buscar a ajuda de que carecemos. Alguns dos meios pelos quais o crente recebe a graça de Deus são:

a)      Estudar as Escrituras Sagradas e obedecer aos seus preceitos;

b)      Ouvir a proclamação do Evangelho;

c)      Orar;

d)      Jejuar;

e)      Adorar a Cristo;

f)       Está continuamente cheio do Espírito Santo; e

g)      Participar da Ceia do Senhor.

4)      A graça de Deus pode ser:

a)      Resistida: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos pertube, e por ela muitas se contaminem.” (Hb 12.15). “Raiz de amargura” refere-se a um espírito e atitude caracterizados por animosidade e ressentimento intensos. Aqui, talvez se refira a ressentimento do crente conta a disciplina de Deus, ao invés de submissão humilde à sua vontade para nossa vida. A amargura pode ter como objeto pessoas da igreja. Isso prejudica a pessoa que está assim amargurada, isto é, deixando-a sem condições de entrar na presença de Deus em oração. A amargura entre um grupo de crentes pode alastrar-se e corromper a muitos, destruindo a “santificação” sem a qual ninguém vera o Senhor (Hb 12.14).

b)      Recebida em vão: “E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de deus em vão” (2Co 6.1). Paulo cria, indubitavelmente, que era possível o crente receber a graça de Deus e experimentar a salvação, e depois, por causa de descuido espiritual ou de viver em pecado deliberado, abandonar a fé e a vida do evangelho, e voltar a perder-se. Todos devem ser exortados a se reconciliarem com Deus e a receber sua Braça. Aqueles que recebem a graça de Deus devem ser exortados a não recebê-la em vão.

c)      Apagadas: “Não extingais o Espírito” (1Ts 5.19). Paulo compara extinguir o fogo do Espírito com o desprezo e rejeição às manifestações sobrenaturais do Espírito Santo.

d)      Anuladas: “Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da Lei; segue-se que Cristo morreu debalde” (Gl 2.21). O ensino de Paulo sobre a justificação e sobre a justiça vai além de uma mera declaração jurídica da parte de Deus. A justiça que vem pela fé envolve uma transformação moral da pessoa, a graça de Deus e um relacionamento com Cristo, mediante o qual compartilhamos da sua vida ressurreta.

e)      Abandonada pelo crente: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4). Alguns dos Gálatas tinham substituídos sua fé em Cristo pela fé na obediência à Lei. Paulo declara que os tais caíram da graça. Cair da graça é está alienado de Cristo e abandonar o princípio da graça de Deus que nos traz a vida e salvação. É anular a nossa associação com Cristo e deixar de permanecer nEle.

 

Amém!

Pr. Erivelton de Jesus