sábado, 5 de novembro de 2016

48 - A REGENERAÇÃO DOS DISCÍPULOS


Jo 20.22: E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”.
            A outorga do Espírito Santo por Jesus aos seus discípulos no dia da ressurreição não foi o batismo no Espírito Santo como ocorreu no dia de Pentecoste (At 1.5; 2.4). Era, realmente, a primeira vez que a presença regeneradora do Espírito Santo e a nova vida do Cristo ressurreto saturavam e permeavam os discípulos.
            Durante a última reunião de Jesus com seus discípulos, antes da sua paixão e crucificação, Ele lhes prometeu que receberiam o Espírito Santo, como aquele que os regeneraria: “habita convosco, e estará em vós” (Jo 14.17). Cristo declara que o Espírito Santo habitava agora com os discípulos, e lhes promete que futuramente Ele estaria em “vós”. A promessa do Espírito Santo para habitar nos fiéis cumpriu-se depois da ressurreição de Cristo, quando Ele assoprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22). Jesus agora cumpre a promessa de João 14.17.
            Da frase, “assoprou sobre eles” em João 20.22, infere-se que se trata da sua regeneração. A palavra grega traduzida por “soprou” (emphusao) é o mesmo usado na Septuaginta (a tradução grego do AT) em Gn 2.7, onde Deus “soprou em seus narizes {de Adão} o fôlego da vida; e o home foi feito alma vivente”. É o mesmo verbo que se acha em EZ 37.9: “Assopra sobre os mortos, para que vivam”. O uso que João faz deste verbo neste versículo indica que Jesus estava lhes outorgando o Espírito a fim de neles produzir nova vida e nova criação. Isto é, assim como Deus soprou para dentro do homem físico o fôlego da vida, e o homem se tornou uma nova criatura (Gn 2.7), assim também, agora, Jesus soprou espiritualmente sobre os discípulos, e eles se tornaram novas criaturas. Mediante sua ressurreição, Jesus tornou-se em “Espírito vivificante” (1Co 15.45).
            O imperativo “Recebei o Espírito Santo” estabelece o fato que o Espírito, naquele momento histórico, entrou de maneira inédita nos discípulos, para neles habitar. A forma verbal de “receber” está no aoristo imperativo (gr lebete, do verbo lambano), que denota um ato único de recebimento. Este “recebimento” da vida pelo Espírito Santo antecede a outorgada autoridade de Jesus para eles (Jo 20.23), bem como do batismo no Espírito Santo, pouco depois, no dia de Pentecostes (At 2.4).
            Antes da ocasião, os discípulos eram verdadeiros crentes em Cristo, e seus seguidores, segundo os preceitos do antigo concerto. Porém, eles não eram plenamente regenerados no sentido da nova aliança. A partir de então os discípulos passaram a participar dos benefícios, do novo concerto baseado na morte e ressurreição de Jesus. Foi, Também, nessa ocasião, e não no Pentecoste, que a igreja nasceu, isto é, uma nova ordem espiritual, assim como no princípio Deus soprou sobre o homem até então inerte para de fato torná-lo criatura vivente na ordem material (Gn 2.7).
            Este trecho é essencial para a compreensão do ministério do Espírito Santo entre o povo de Deus:
a)      Os discípulos receberam o Espírito Santo, isto é, o Espírito Santo passou a habitar neles e os regenerou antes do dia de Pentecostes; e.
b)      O derramamento do Espírito Santo em At 2.4. Isto seguiu-se à primeira experiência. O batismo no Espírito Santo no dia de Pentecostes foi, portanto, uma segunda e distinta obra do Espírito neles.
Estas duas obras distintas do Espírito Santo na vida dos discípulos de Jesus são normativas para todo cristão. Isto é, todos os autênticos crentes recebem o Espírito Santo ao serem regenerados, e a seguir precisam experimentar o batismo no Espírito Santo para receberem poder para serem suas testemunhas.
      Não há qualquer fundamento bíblico para se dizer que a outorga por Jesus do Espírito Santo em João 20.22 era tão somente uma profecia simbólica da vinda do Espírito Santo no Pentecostes. O uso do aoristo imperativo para “receber” denota o recebimento naquele momento e naquele lugar.
     

Amém!

Erivelton de Jesus

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