Nm 6.3 “De
vinho e de bebida forte se apartará; Vinagre de vinho ou vinagre de bebida
forte não beberá; Nem beberá alguma beberagem de uvas; Nem uvas frescas nem
uvas secas comerá.”
PALAVRAS HEBRAICAS PARA O VINHO
De um modo geral, há duas palavras hebraicas
traduzidas por “vinho” na Bíblia.
1) A primeira palavra, a mais comum é yayin,
um termo genérico usado 141 vezes no AT para indicar vários tipos de vinho
fermentado ou não-fermentado, em Neemias 5.18 fala “todo o vinho”, ou seja, todos os tipos, porque no AT, havia vinho
de toda espécie, desses vinhos, alguns eram fermentados, outros não.Em Pv
23.29-35 temos o primeiro mandamento claro e preciso, na revelação progressiva
de Deus, que proíbe seu povo de beber vinho fermentado. Deus nos instrui aqui
concernentes a bebidas alcoólicas e da sua influência degradante.
a) Por outro lado, yayin aplica-se a todos os tipos de suco de uva
fermentado (Gn 9.20,21;19.32,33; 1Sm 25.36,37; Pv 23.30,31).Os resultados
trágicos de tomar vinho fermentado aparecem várias vezes no AT.
b) Por outro lado, yayin também se usa com referência ao suco doce,
não-fermentado, da uva. Pode referir-se ao suco fresco de uva espremida. Isaías
profetiza: “Já o pisador não pisará as
uvas [yayin] nos lagares.” (Is 16.10); semelhantemente, Jeremias diz: “Fiz que o vinho [yayin] acabasse nos
lagares; Já não pisarão uvas com júbilo” (Jr 48.33). Jeremias até chama de
yayin o suco ainda dentro da uva (Jr 40.10,12). Outra evidência que yayin, às
vezes, refere-se ao suco não-fermentado da uva temos em Lamentações, que o
autor descreve os nenês de colo clamando às mães, pedido seu alimento normal de
“trigo e vinho” (Lm 2.12). O fato do
suco de uva não-fermentado poder ser chamado de vinho tem o respaldo de vários
eruditos. A Enciclopédia Judaica (1901) declara: “O vinho fresco antes da fermentação era chamado yayin-mi-gat [vinho de
tonel] (Sanh, 70 a)”. Além disso, a Enciclopédia Judaica (1971) declara que
o termo yayin era usado para designar o suco de uva em diferentes etapas,
inclusive “vinho recém-espremido antes da
fermentação”. O Talmude Babilônico atribui ao rabino Hiyya uma declaração a
respeito de “vinho [yayin]” (Baba Ba
Thra, 97 a). E em Halakot Gedalot consta: “Pode-se
espremer um cacho de uvas, posto que o suco da uva é considerado vinho [yayin]
em conexão com as leis do nazireado” ( Citado por Louis Ginzberg no
Almanaque Judaico e Americano, 1923, pp 408,409).
2) A outra palavra hebraica traduzida por “vinho” é Tirosh, que significa “vinho novo” ou “vinho da vindima”. Tirosh ocorre 38 vezes no AT; nunca se refere à
bebida fermentada, mas sempre ao produto de uvas (Is 65.8), ou o suco doce de
uvas recém colhidas (Dt 11.14; Pv 3.10; Jr 2.24). Brown, Driver, Briges (Léxico
Hebraico Inglês do Velho Testamento) declaram que tirosh significa “mosto, vinho fresco ou novo”. A
Enciclopédia Judaica (1901) diz que tirosh inclui todos os tipos de sucos doces
e mosto, mas não vinho fermentado. Tirosh têm “bênção nele” (Is 65.8); o vinho fermentado, no entanto, “é escarnecedor” (Pv 20.1) e causa
embriaguês (Pv 23.31), “Não olhes para o
vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa
suavemente.” Este versículo adverte
sobre o perigo de vinho (Hb yayin) uma vez fermentado. Fermentação é o processo
pelo qual o açúcar do suco de uva converte-se em álcool e em dióxido de
carbono.
a) O verbo “olhar” (hb. Ra’
ah) é uma palavra comum que significa “ver,
olhar, examinar” (Confira Gn 27.1); Ra’ah é também empregado no sentido de “escolher”, o que sugere que não devemos
olhar com desejo para o vinho fermentado. Deus instrui seu povo a nem sequer
pensar em beber vinho fermentado; nada se diz nesta passagem sobre beber vinho
com moderação. E também a Bíblia fala que os nazireus ou nazirenos, ou seja,
pessoas essas que dedicavam suas vidas a Deus, não podiam beber-lo. Se você
aceitou Jesus com Salvador e têm sua vida dedicada a Ele você não pode beber
nenhuma bebida alcoólica.
b) O adjetivo “vermelho”
(hb ‘adem) significa “vermelho,
avermelhado, rosado”. Segundo o
Lexicon de Genesius, isso refere-se à “efervescência”
do vinho no copo, isto é, seu borbulhar cintilante.
c) A frase seguinte: “Quando
resplandece no copo” diz literalmente “Quando [o vinho] dá olho no copo”. Trata-se das bolhas de dióxido
de carbono produzidas pela fermentação, ou à aparência borbulhante do vinho
fermentado. Em Pv 23.32, Deus proíbe seu povo de contemplar o vinho quando
vermelho, pois o vinho fermentado destrói a pessoa, qual serpente e , como
víbora, ela a envenena. Os efeitos do álcool são demoníacos e destruidores
incluem olhos avermelhados, visão turva, mente confusa e palavras perversas e
enganosas. Tomar bebidas leva o indivíduo à embriaguez, aos ais, à tristeza, à
violência, às brigas, aos danos físicos e ao vício crônico. Mesmo que estes versículos
estejam no AT, esta ordem é atual e vale para o povo de Deus, ou seja, o crente
não deve beber nenhuma bebida embriagante.
3) Além dessas duas palavras para “vinho” há outra palavra hebraica que
ocorre 23 vezes no AT, e freqüentemente no mesmo contexto, Shekar,
geralmente traduzida por “bebida forte”
( ex: 1Sm 1.15; Nm 6.3). Certos estudiosos dizem que shekar, mas comumente,
refere-se à bebida fermentada, talvez feita de suco de fruto da palmeira, de
romã, ou de tâmara. A Enciclopédia Judaica (1901) sugere que quando yayin se
distingue de shekar, aquele que era um tipo de bebida fermentada diluída em
água, ao passo que esta não era diluída. Ocasionalmente, shekar pode referir-se
a um suco doce, não-fermentado, que satisfaz (Robert P. Teachout: “O uso de vinho no velho testamento,”
dissertação de doutorado em Teologia, Seminário Teológico Dallas, 1979). Shekar
relaciona-se com shakar, um verbo hebraico que pode significar “beber à vontade”, além de “embriagar”. Na maioria dos casos,
saiba-se que quando yayin e shekar aparecem juntos, formam uma única figura de
linguagem que se refere às bebidas embriagantes.
A POSIÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE O VINHO FERMENTADO
Em vários lugares o AT condena o uso de yayin
e shekar com bebidas fermentadas.
1) A Bíblia descreve os maus efeitos do vinho
embriagante de Noé (Gn 9.20-27). Ele plantou um vinha, e fez a vindima, fez
vinho de uva e bebeu. Isso levou à embriaguez, à imodéstia, à indiscrição e à
tragédia familiar em forma de maldição imposto sobre Canaã.
Nos tempos de Abraão, o vinho embriagante
contribui para o incesto que resultou em gravidez nas filhas de Ló. (Gn
19.31-38).
2) Devido ao potencial das bebidas alcoólicas
para corromper, Deus ordenou que todos os sacerdotes de Israel se abstivessem
de vinho e doutras bebidas fermentadas, durante sua vida ministerial. Deus
considerava a violação desse mandamento suficientemente grave para motivar a
pena de morte para o sacerdote que a cometesse. (Lv 10. 9-11).
3) Deus também revelou a sua vontade a
respeito do vinho e das bebidas fermentas ao fazer da abstinência um exigência
para todos que fizerem voto nazireado.
4) Salomão, na sabedoria que Deus lhe deu,
escreveu: "O vinho é escarnecedor, e
a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles erra nunca será sábio”,
(Pv 20.1). Este versículo descreve a natureza e o mal em potencial da bebida
fermentada. Note a prescrição da bebida embriagante juntamente com seus
efeitos.
a) O vinho, como “escarnecedor”,
freqüentemente leva ao escárnio e zombaria daquilo que é bom. As bebidas
alcoólicas, por serem “alvoroçadas”,
freqüentemente causam distúrbios, inimizades e conflitos nas famílias e na
sociedade.
b) O vinho e as bebidas embriagantes são chamados escarnecedores e
alvoroçadores independentemente da quantidade ingerida.
c) “Aquele que neles errar”, por julgar que as bebidas embriagantes são admissíveis, boas,
saudáveis ou inócuas, se ingeridas com moderação, desconsidera a advertência
clara das Escrituras (Pv 23.29-35). As bebidas alcoólicas podem levar o usuário
a zombar do padrão de justiça estabelecido por Deus e a perder o autocontrole
no tocante ao pecado e à imoralidade.
5) Finalmente, a Bíblia declara de modo
inequívoco que para evitar os ais e pesares e, em lugar disso, fazer as
vontades de Deus, os justos não devem admirar, nem desejar qualquer vinho
fermentado que possa embriagar e viciar.
OS NAZIREUS E O VINHO
O elevado nível
de vida separada e dedicada a Deus, dos nazireus, devia servir com exemplo a
todo israelita que quisesse assim fazer. A palavra “nazireu” (hb. Nazir, de
nazar, significa “pôr à parte”)
designa a pessoa consagrada e dedicada totalmente ao Senhor. Os nazireus eram
suscitados pelo próprio Deus para demonstrarem através do seu modo de vida, o
máximo padrão divino de santidade, de consagração e dedicação diante do povo. O
voto de nazireado era totalmente voluntário. O propósito disso era ensinar a
Israel que a dedicação total a Deus deve brotar do coração da pessoa, para
depois expressar-se através da abnegação, do testemunho visível e da pureza
pessoal. A dedicação completa do nazireu é um exemplo daquilo que todo cristão
deve procurar ser. Deus deu aso nazireus instruções claras a respeito do uso do
vinho.
1) Eles deviam
abster-se de “vinho e de bebida forte”;
nem sequer era permitido comer ou beber produtos feito de uvas, quer em forma
líquida, quer em forma sólida. O mais provável é que Deus tenha doado esse
mandamento como salvaguarda ante a tentação de tomar bebidas inebriagantes e
ante a possibilidade de um nazireu beber vinho alcoólico por engano. Deus não
queria que uma pessoa totalmente dedicada à Ele se deparasse com a
possibilidade de embriaguez ou de viciar-se (conf. Lv 10.8-11;Pv 31.4,5) Daí, o
padrão mais alto posto diante do povo de Deus, no tocante à bebidas alcoólicas,
eram a abstinência total. (Nm 6.3,4)
2) Beber álcool
leva, frequentemente, a vários pecados, (tais como a imoralidade sexual ou a
criminalidade). Assim como a prostituição é um pecado deliberado contra o corpo
(1Co 6.18-20) também o são as drogas, ou bebidas (1Co 3.17). Muitos dizem que
têm o direito de fazer o que quiserem com seu corpo. Embora pensem que isso
seja liberdade, de fato estão escravizado por seus próprios desejos. Mas quando
nos tornamos cristãos, o Espírito Santo passa a habitar em nós. Sendo assim,
nosso corpo não mais nos pertence. É
propriedade do Criador, e não podemos violar os padrões de vida estabelecidos
por Ele.
3) O padrão
divino para os nazireus, da total abstinência de vinho e de bebidas
fermentadas, era rejeitado por muitos em Israel nos tempos de Amós. Esse
profeta declarou que os ímpios “aos
nazireus destes de beber”. (Am 2.12). Os que induzem o próximo ao pecado,
incluindo a ingestão de bebidas alcoólicas, devem estar atentos à advertência
divina. O profeta Isaías declara por sua vez: “O sacerdote e o profeta por causa da bebida porte, são absorvidos do
vinho, e desencaminham-se por sua causa da bebida forte, andam errados na
visão, e tropeçam no juízo. Porque todas as suas mesas estão cheias de vômitos
e de imundícia; não há nenhum lugar limpo” (Is 28.7,8). Assim ocorreu,
porque esses dirigentes recusavam o padrão da total abstinência estabelecida
por Deus. (Pv 31.4,5)
4) A marca
essencial do nazireado, isto é, sua
total consagração a Deus e aos padrões mais elevados, é um dever do crente em
Cristo (conf. Rm 12.1; 2Co 17; 7.1). A abstinência de tudo quanto possa levar a
pessoa ao pecado, estimular o desejo por coisas prejudiciais, abrir caminho à
dependência de drogas ou do álcool, ou levar um irmão ou irmã a tropeçar, é tão
necessário para o crente hoje quanto o era para o nazireu dos tempos do AT, “Não durmamos, pois como os demais, mais
vigiemos e sejamos sóbrios.” (1Ts 5.6)
AMÉM!!!!!!!!!!!!!
Fonte:
Bíblia de Estudos Pentecostal
Erivelton
R. de Jesus
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