sexta-feira, 8 de novembro de 2013

08 - O VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO

Nm 6.3 “De vinho e de bebida forte se apartará; Vinagre de vinho ou vinagre de bebida forte não beberá; Nem beberá alguma beberagem de uvas; Nem uvas frescas nem uvas secas comerá.”
PALAVRAS HEBRAICAS PARA O VINHO
De um modo geral, há duas palavras hebraicas traduzidas por “vinho” na Bíblia.
1) A primeira palavra, a mais comum é yayin, um termo genérico usado 141 vezes no AT para indicar vários tipos de vinho fermentado ou não-fermentado, em Neemias 5.18 fala “todo o vinho”, ou seja, todos os tipos, porque no AT, havia vinho de toda espécie, desses vinhos, alguns eram fermentados, outros não.Em Pv 23.29-35 temos o primeiro mandamento claro e preciso, na revelação progressiva de Deus, que proíbe seu povo de beber vinho fermentado. Deus nos instrui aqui concernentes a bebidas alcoólicas e da sua influência degradante.
a)   Por outro lado, yayin aplica-se a todos os tipos de suco de uva fermentado (Gn 9.20,21;19.32,33; 1Sm 25.36,37; Pv 23.30,31).Os resultados trágicos de tomar vinho fermentado aparecem várias vezes no AT.
b)   Por outro lado, yayin também se usa com referência ao suco doce, não-fermentado, da uva. Pode referir-se ao suco fresco de uva espremida. Isaías profetiza: “Já o pisador não pisará as uvas [yayin] nos lagares.” (Is 16.10); semelhantemente, Jeremias diz: “Fiz que o vinho [yayin] acabasse nos lagares; Já não pisarão uvas com júbilo” (Jr 48.33). Jeremias até chama de yayin o suco ainda dentro da uva (Jr 40.10,12). Outra evidência que yayin, às vezes, refere-se ao suco não-fermentado da uva temos em Lamentações, que o autor descreve os nenês de colo clamando às mães, pedido seu alimento normal de “trigo e vinho” (Lm 2.12). O fato do suco de uva não-fermentado poder ser chamado de vinho tem o respaldo de vários eruditos. A Enciclopédia Judaica (1901) declara: “O vinho fresco antes da fermentação era chamado yayin-mi-gat [vinho de tonel] (Sanh, 70 a)”. Além disso, a Enciclopédia Judaica (1971) declara que o termo yayin era usado para designar o suco de uva em diferentes etapas, inclusive “vinho recém-espremido antes da fermentação”. O Talmude Babilônico atribui ao rabino Hiyya uma declaração a respeito de “vinho [yayin]” (Baba Ba Thra, 97 a). E em Halakot Gedalot consta: “Pode-se espremer um cacho de uvas, posto que o suco da uva é considerado vinho [yayin] em conexão com as leis do nazireado” ( Citado por Louis Ginzberg no Almanaque Judaico e Americano, 1923, pp 408,409).
2) A outra palavra hebraica traduzida por “vinho”  é Tirosh, que significa “vinho novo” ou “vinho da vindima”. Tirosh ocorre 38 vezes no AT; nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao produto de uvas (Is 65.8), ou o suco doce de uvas recém colhidas (Dt 11.14; Pv 3.10; Jr 2.24). Brown, Driver, Briges (Léxico Hebraico Inglês do Velho Testamento) declaram que tirosh significa “mosto, vinho fresco ou novo”. A Enciclopédia Judaica (1901) diz que tirosh inclui todos os tipos de sucos doces e mosto, mas não vinho fermentado. Tirosh têm “bênção nele” (Is 65.8); o vinho fermentado, no entanto, “é escarnecedor” (Pv 20.1) e causa embriaguês (Pv 23.31), “Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente.”  Este versículo adverte sobre o perigo de vinho (Hb yayin) uma vez fermentado. Fermentação é o processo pelo qual o açúcar do suco de uva converte-se em álcool e em dióxido de carbono.
a)   O verbo “olhar” (hb. Ra’ ah) é uma palavra comum que significa “ver, olhar, examinar” (Confira Gn 27.1); Ra’ah é também empregado no sentido de “escolher”, o que sugere que não devemos olhar com desejo para o vinho fermentado. Deus instrui seu povo a nem sequer pensar em beber vinho fermentado; nada se diz nesta passagem sobre beber vinho com moderação. E também a Bíblia fala que os nazireus ou nazirenos, ou seja, pessoas essas que dedicavam suas vidas a Deus, não podiam beber-lo. Se você aceitou Jesus com Salvador e têm sua vida dedicada a Ele você não pode beber nenhuma bebida alcoólica.
b)   O adjetivo “vermelho” (hb ‘adem) significa “vermelho, avermelhado, rosado”.  Segundo o Lexicon de Genesius, isso refere-se à “efervescência” do vinho no copo, isto é, seu borbulhar cintilante.
c)   A frase seguinte: “Quando resplandece no copo”  diz literalmente “Quando [o vinho] dá olho no copo”. Trata-se das bolhas de dióxido de carbono produzidas pela fermentação, ou à aparência borbulhante do vinho fermentado. Em Pv 23.32, Deus proíbe seu povo de contemplar o vinho quando vermelho, pois o vinho fermentado destrói a pessoa, qual serpente e , como víbora, ela a envenena. Os efeitos do álcool são demoníacos e destruidores incluem olhos avermelhados, visão turva, mente confusa e palavras perversas e enganosas. Tomar bebidas leva o indivíduo à embriaguez, aos ais, à tristeza, à violência, às brigas, aos danos físicos e ao vício crônico. Mesmo que estes versículos estejam no AT, esta ordem é atual e vale para o povo de Deus, ou seja, o crente não deve beber nenhuma bebida embriagante.
3) Além dessas duas palavras para “vinho” há outra palavra hebraica que ocorre 23 vezes no AT, e freqüentemente no mesmo contexto, Shekar, geralmente traduzida por “bebida forte” ( ex: 1Sm 1.15; Nm 6.3). Certos estudiosos dizem que shekar, mas comumente, refere-se à bebida fermentada, talvez feita de suco de fruto da palmeira, de romã, ou de tâmara. A Enciclopédia Judaica (1901) sugere que quando yayin se distingue de shekar, aquele que era um tipo de bebida fermentada diluída em água, ao passo que esta não era diluída. Ocasionalmente, shekar pode referir-se a um suco doce, não-fermentado, que satisfaz (Robert P. Teachout: “O uso de vinho no velho testamento,” dissertação de doutorado em Teologia, Seminário Teológico Dallas, 1979). Shekar relaciona-se com shakar, um verbo hebraico que pode significar “beber à vontade”, além de “embriagar”. Na maioria dos casos, saiba-se que quando yayin e shekar aparecem juntos, formam uma única figura de linguagem que se refere às bebidas embriagantes.
A POSIÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE O VINHO FERMENTADO
Em vários lugares o AT condena o uso de yayin e shekar com bebidas fermentadas.
1) A Bíblia descreve os maus efeitos do vinho embriagante de Noé (Gn 9.20-27). Ele plantou um vinha, e fez a vindima, fez vinho de uva e bebeu. Isso levou à embriaguez, à imodéstia, à indiscrição e à tragédia familiar em forma de maldição imposto sobre Canaã.
Nos tempos de Abraão, o vinho embriagante contribui para o incesto que resultou em gravidez nas filhas de Ló. (Gn 19.31-38).
2) Devido ao potencial das bebidas alcoólicas para corromper, Deus ordenou que todos os sacerdotes de Israel se abstivessem de vinho e doutras bebidas fermentadas, durante sua vida ministerial. Deus considerava a violação desse mandamento suficientemente grave para motivar a pena de morte para o sacerdote que a cometesse. (Lv 10. 9-11).
3) Deus também revelou a sua vontade a respeito do vinho e das bebidas fermentas ao fazer da abstinência um exigência para todos que fizerem voto nazireado.
4) Salomão, na sabedoria que Deus lhe deu, escreveu: "O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles erra nunca será sábio”, (Pv 20.1). Este versículo descreve a natureza e o mal em potencial da bebida fermentada. Note a prescrição da bebida embriagante juntamente com seus efeitos.
a)   O vinho, como “escarnecedor”, freqüentemente leva ao escárnio e zombaria daquilo que é bom. As bebidas alcoólicas, por serem “alvoroçadas”, freqüentemente causam distúrbios, inimizades e conflitos nas famílias e na sociedade.
b)   O vinho e as bebidas embriagantes são chamados escarnecedores e alvoroçadores independentemente da quantidade ingerida.
c)   “Aquele que neles errar”, por julgar que as bebidas embriagantes são admissíveis, boas, saudáveis ou inócuas, se ingeridas com moderação, desconsidera a advertência clara das Escrituras (Pv 23.29-35). As bebidas alcoólicas podem levar o usuário a zombar do padrão de justiça estabelecido por Deus e a perder o autocontrole no tocante ao pecado e à imoralidade.
5) Finalmente, a Bíblia declara de modo inequívoco que para evitar os ais e pesares e, em lugar disso, fazer as vontades de Deus, os justos não devem admirar, nem desejar qualquer vinho fermentado que possa embriagar e viciar.
OS NAZIREUS E O VINHO
O elevado nível de vida separada e dedicada a Deus, dos nazireus, devia servir com exemplo a todo israelita que quisesse assim fazer. A palavra “nazireu”  (hb. Nazir, de nazar, significa “pôr à parte”) designa a pessoa consagrada e dedicada totalmente ao Senhor. Os nazireus eram suscitados pelo próprio Deus para demonstrarem através do seu modo de vida, o máximo padrão divino de santidade, de consagração e dedicação diante do povo. O voto de nazireado era totalmente voluntário. O propósito disso era ensinar a Israel que a dedicação total a Deus deve brotar do coração da pessoa, para depois expressar-se através da abnegação, do testemunho visível e da pureza pessoal. A dedicação completa do nazireu é um exemplo daquilo que todo cristão deve procurar ser. Deus deu aso nazireus instruções claras a respeito do uso do vinho.
1) Eles deviam abster-se de “vinho e de bebida forte”; nem sequer era permitido comer ou beber produtos feito de uvas, quer em forma líquida, quer em forma sólida. O mais provável é que Deus tenha doado esse mandamento como salvaguarda ante a tentação de tomar bebidas inebriagantes e ante a possibilidade de um nazireu beber vinho alcoólico por engano. Deus não queria que uma pessoa totalmente dedicada à Ele se deparasse com a possibilidade de embriaguez ou de viciar-se (conf. Lv 10.8-11;Pv 31.4,5) Daí, o padrão mais alto posto diante do povo de Deus, no tocante à bebidas alcoólicas, eram a abstinência total. (Nm 6.3,4)
2) Beber álcool leva, frequentemente, a vários pecados, (tais como a imoralidade sexual ou a criminalidade). Assim como a prostituição é um pecado deliberado contra o corpo (1Co 6.18-20) também o são as drogas, ou bebidas (1Co 3.17). Muitos dizem que têm o direito de fazer o que quiserem com seu corpo. Embora pensem que isso seja liberdade, de fato estão escravizado por seus próprios desejos. Mas quando nos tornamos cristãos, o Espírito Santo passa a habitar em nós. Sendo assim, nosso corpo não mais nos pertence.  É propriedade do Criador, e não podemos violar os padrões de vida estabelecidos por Ele.
3) O padrão divino para os nazireus, da total abstinência de vinho e de bebidas fermentadas, era rejeitado por muitos em Israel nos tempos de Amós. Esse profeta declarou que os ímpios “aos nazireus destes de beber”. (Am 2.12). Os que induzem o próximo ao pecado, incluindo a ingestão de bebidas alcoólicas, devem estar atentos à advertência divina. O profeta Isaías declara por sua vez: “O sacerdote e o profeta por causa da bebida porte, são absorvidos do vinho, e desencaminham-se por sua causa da bebida forte, andam errados na visão, e tropeçam no juízo. Porque todas as suas mesas estão cheias de vômitos e de imundícia; não há nenhum lugar limpo” (Is 28.7,8). Assim ocorreu, porque esses dirigentes recusavam o padrão da total abstinência estabelecida por Deus. (Pv 31.4,5)
4) A marca essencial do nazireado,  isto é, sua total consagração a Deus e aos padrões mais elevados, é um dever do crente em Cristo (conf. Rm 12.1; 2Co 17; 7.1). A abstinência de tudo quanto possa levar a pessoa ao pecado, estimular o desejo por coisas prejudiciais, abrir caminho à dependência de drogas ou do álcool, ou levar um irmão ou irmã a tropeçar, é tão necessário para o crente hoje quanto o era para o nazireu dos tempos do AT, “Não durmamos, pois como os demais, mais vigiemos e sejamos sóbrios.” (1Ts 5.6)
AMÉM!!!!!!!!!!!!!
Fonte: Bíblia de Estudos Pentecostal

Erivelton R. de Jesus

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