Dt 6.1-2: “Estes,
pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o Senhor, vosso
Deus, para se vos ensinar, para que os fizésseis na terra a que passais a
possuir; para que temas ao Senhor, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos
e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos
os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados.”
Introdução:
Um mandamento freqüente ao povo de Deus do AT
é “Temer a Deus” ou “Temer ao Senhor”. É importante que saibamos o que esse
mandamento significa para nós como crentes. Somente à medida que verdadeiramente temermos ao
Senhor é que seremos libertos da escravidão de todas as formas de temores
anormais e satânicas.
O SIGNIFICADO DO TEMOR DE DEUS
O mandamento geral de “temer ao Senhor” inclui uma variedade de aspectos do
relacionamento entre o crente e Deus.
- É
fundamental, no temor a Deus, reconhecer a sua santidade, justiça e
retidão como complemento do seu amor e misericórdia, isto é, conhecê-lo e compreender
plenamente quem Ele é, conforme Pv 2.5 “Então,
entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento que Deus é um Deus
Santo, cuja natureza inerente o leva a condenar o pecado.”
- Temer
ao Senhor é considerá-lo com santo temor e reverência e honrá-lo como
Deus, por causa da sua excelsa glória, santidade, majestade e poder. Paulo
ao escrever sua carta aos crentes de Filipos, ou seja, Filipenses 2.12 diz
assim: “De sorte que, meus amados,
assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mais muito mais
agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e
tremor;”. Na salvação efetuada por Cristo, Paulo vê lugar para “temor e tremor” da nossa parte.
Todo filho de Deus deve possuir um santo temor que o faça tremer diante da
palavra de Deus. “...mas eis para
quem olharei; para o pobre abatido de espírito e que treme diante da minha
palavra.”(Is 66.6b), e o leve a desviar-se de todo mal “Não sejas sábio a teus próprios
olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” (Pv 3.7).O temor (Gr.
Phobos) do Senhor não é de
conformidade com a definição freqüentemente usada, a mera “confiança reverente”, mas inclui o
santo temor de Deus, da sua santidade e da sua justa retribuição, e um
pavor de pecar contra Ele e das conseqüências desses pecados. Não é um
temor destrutivo, mas um temor que controla e que redime, e que aproxima o
crente de Deus, de suas bênçãos, da pureza moral, da vida e da salvação.
Quando, por exemplo, os israelitas no monte Sinai viram Deus manifestar-se
através de “Trovões e relâmpagos
sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina muito forte”
o povo inteiro “estremeceu” (Êx
19.16) e implorou a Moisés, que este falasse, ao invés de Deus (Êx
20.18,19; Dt 5.22-27). Além disso, o salmista, na sua reflexão a respeito
do Criador, declara explicitamente: “Tema
toda a terra ao Senhor; temam-no todos os moradores do mundo. Por que
falou, e tudo fez; mandou, e logo tudo apareceu.” (Sl 33.8,9).
- O
verdadeiro temor de Deus leva o crente a crer e confiar exclusivamente
nEle para a salvação. Por exemplo: Depois que os israelitas atravessaram o
mar Vermelho como em terra seca e viram a extrema destruição do exército
egípcio, o povo “temeu ao Senhor e
creu no Senhor”. O povo vendo o pavoroso juízo que Deus executou
contra o exército egípcio, o povo “Temeu
ao Senhor, e, vendo o livramento milagroso da parte de Deus, creu no
Senhor”. Quando temos uma revelação autêntica da majestade de Deus e
dos seus juízos contra o pecado, nós nos apegamos a Ele com fé e crescemos
no seu temor. Semelhantemente, o Salmista conclama a todos os que temem ao
Senhor: “Confiai no Senhor; Ele é
vosso auxílio e vosso escudo” (Sl 115.11). Noutras palavras, o temor
ao Senhor produz no povo de Deus esperança e confiança nEle. Não é de
admirar, pois, que tais pessoas se salvem (Sl 85.9) e desfrutarem do amor
perdoador de Deus, e da sua misericórdia “E a sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o
temem” (Lc 1.50) conforme Sl 103.11;130.4. Finalmente, temer a Deus
significa reconhecer que Ele é um Deus que se ira contra o pecado e que
tem poder para castigar a quem transgride as suas justas leis, tanto no
tempo quanto na eternidade. Quando Adão e Eva pecaram no Jardim do Éden,
tiveram medo e procuraram esconder-se da presença de Deus. Moisés
experimentou esse aspecto do temor de Deus quando passou quarenta dias e
quarenta noites em oração, intercedendo pelos israelitas transgressores: “Temi por causa da ira e do furor com
que o Senhor tanto estava irado contra vós, para vos destruir.” (Dt
9.9)
RAZÕES PARA TERMOS TEMOR DE DEUS
As razões para temer o Senhor vêm do
significado do temor do Senhor.
I.
Devemos temê-lo por causa de o
seu grande poder como o Criador de todas as coisas e de todas as pessoas. “Pela palavra do Senhor foram feitos os
céus; e todo o exército deles, pelo Espírito da sua boca. Ele ajunta as águas
do mar como num montão; põe os abismos em tesouro. Tema toda a terra ao Senhor;
temam-no todos os moradores do mundo. Porque falou, e tudo se fez; mando e logo
tudo apareceu.” (Sl 33.6-9).
II.
Além disso, o poder inspirador de
santo temor que Ele exerce sobre os mandamentos da criação e sobre nós é motivo
de temê-lo. “Eu sei que tudo quanto Deus
faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar e nada se lhe deve tirar.
E isso faz Deus para que haja temor diante dEle.” (Ec 3.14)
III.
Quando nós nos apercebemos da
santidade de nosso Deus, isto é, sua separação do pecado, e sua aversão
constante a ele, a resposta normal do espírito humano é temê-lo. “Quem te não temerá, ó Senhor, e não
magnificará teu nome? Porque só tu és santo; por isso, todas as nações virão e
se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos.” (Ap
15.4)
IV.
Todos quantos contemplarem o
esplendor da glória de Deus não podem deixar de experimentar reverente temor.
(Mt 17.1-8)
V.
As bênçãos contínuas que
recebemos da parte de Deus, especialmente o perdão dos nossos, pecados, devem
nos levar a temê-lo e a amá-lo. “Tão
somente temei ao Senhor e servi-o com
todo o vosso coração, porque vede quão grandiosas coisas vos fez.” (1Sm
12.24)
VI.
É indubitável que o fato de Deus
ser um Deus de justiça, que julgará a totalidade da raça humana, gera temor a
Ele. É uma verdade solene e santa que Deus constantemente observa e avalia
as nossas ações, tanto as boas quanto às
más, e que seremos responsabilizados por
essas ações, tanto agora como no dia do nosso julgamento individual.
CONOTAÇÕES PESSOAIS LIGADAS AO TEMOR DE DEUS
O temor de Deus é muito mais do uma
doutrina bíblica; ele é diretamente aplicável à nossa vida diária, de numerosas
maneiras.
1) Primeiramente, se realmente
tememos ao Senhor, temos uma vida de obediência aos seus mandamentos e damos
sempre um “não” estridente ao pecado.
Uma das razões que Deus inspirou temor nos israelitas no monte Sinai foi para
que aprendessem a desviar-se do pecado e a obedecer à sua lei. “E disse Moisés ao povo: Não temais, que
Deus veio para provar-vos e para que o seu temor esteja diante de vós, para que
não pequeis.” (Êx 20.20). As coisas prodigiosas que Israel viu e ouviu no
Sinai causaram assombro ao povo, o qual recuou para o lado do vale. Moisés lhes
falou para não temerem, a ponto de fugirem amedrontados. Deus estava
demonstrando o seu poder, a fim de suscitar neles um santo temor e reverência,
que os ajudariam a evitar o pecado. Repetidas vezes no seu discurso final aos
israelitas, Moisés mostrou o relacionamento entre o temor ao Senhor e o serviço
e a obediência a Ele. Segundo os salmistas, temer ao Senhor equivale a
deleitar-se nos mandamentos e seguir os seus preceitos. Salomão ensinou que “pelo temor ao Senhor, os homens se desviam
do mal” (Pv 16.6). Em Eclesiastes, o dever inteiro da raça humana resume em
dois breves imperativos: “Temer a Deus e
guardar os seus mandamentos” (Ec 12.13). Inversamente, aquele que se
contenta em viver na iniqüidade, assim faz porque “não há temor de Deus perante os teus olhos” (Sl 36.1-4).
2) Um coronário importante da conotação supra é que o rente deve
ensinar seus filhos a temer ao Senhor, levando-os a abandonar o pecado e a
guardar os santos mandamentos de Deus. “E
estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus
filhos e delas falarás assentando em tua casa, e andando pelo caminho, e
deitando-te, e levantando-te.” (Dt 6.6,7). A bíblia declara freqüentemente
que o “Temor do Senhor é o princípio da
sabedoria” (Sl 111.10). Visto que um alvo básico na educação dos nossos
filhos é que vivam segundo os princípios da sabedoria estabelecidos por Deus,
ensinar esses filhos a temerem ao Senhor é um primeiro passo decisivo.
3) O temor de Deus tem um efeito santificante sobre o povo de Deus.
Assim como há um efeito santificante na verdade da palavra de Deus. “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a
verdade.” (Jo 17.17). Santificar significa tornar santo, separar. Ser
separado do mundo e do pecado, para adorar a Deus e servi-lo. Devemos
separar-nos para estarmos perto de Deus, para vivermos para Ele e para sermos
semelhantes a Ele. Essa santificação vem pela dedicação à verdade pelo Espírito
da verdade. A verdade é tanto a Palavra viva de Deus, como a revelação da
Palavra escrita de Deus. Assim também há um efeito santificante no temor a
Deus. Esse temor inspira-nos a evitar o pecado e desviar-nos do mal. Ele nos
leva a ser cuidadosos e comedidos no que falamos. Ele nos protege do colapso da
nossa consciência, bem como a nossa firmeza moral. O temor do Senhor é puro e
purificador; é santo e libertador no seu efeito.
4) O temor do Senhor motiva o povo de Deus a adorá-lo de todo o seu
ser. Se realmente tememos a Deus, nós o adoramos e o glorificamos como o Senhor
de tudo. Davi equipara a congregação dos que adoram a Deus com “os que o Temem” (Sl 22.25). Igualmente,
no final da história, quando um anjo na esfera celestial proclama o evangelho
eterno e conclama a todos na terra a temerem a Deus, acrescenta prontamente: “e dai-lhe glória ... E adorai aquele que
fez o céu, e a terra, e o mar, e as fonte da águas” (Ap 14.6,7).
5) Deus prometeu que recompensará a todos que o temem, “O galardão da humildade e o temor do senhor
são riquezas, e honras, e vida” (Pv 22.4). Outras recompensas prometidas
são a proteção da morte. “O temor do
Senhor, é uma fonte de vida para preservar dos laços da morte.” (Pv14.27),
provisões para nossas necessidades diárias “Temei
ao Senhor, vós os seus santos, pois não têm falta alguma aqueles que o temem.”
(Sl 34.9), e uma vida longa “O temor do
Senhor aumenta os dias,mas os anos dos ímpios serão abreviados.” (Pv
10.27). Aqueles que temem ao Senhor sabem que “bem sucede aos que temem a Deus”, não importando com o que
aconteça no mundo ao redor.
6) Finalmente, o temor ao Senhor confere segurança e o consolo
espirituais indizíveis para o povo de Deus. O NT vincula diretamente o temor de
Deus ao conforto do Espírito Santo (At 9.31). Por um lado, quem não teme ao
Senhor não tem qualquer consciência da sua presença, graça e proteção. O povo
de Israel deveria ter entrado na terra prometida, trinta e nove anos antes, mas
por causa da sua incredulidade e recusa em fazer a vontade de Deus, sua entrada
foi protelada. Deixar de viver na vontade de Deus e de andar segundo o seu
Espírito pode resultar em atraso no plano de Deus para nossa vida ou, até
mesmo, a supressão total desse plano. Devemos ter um santo receio e inquietação
quanto a estar fora da vontade do Senhor e de ser privado da sua presença,
graça e proteção em nossa vida. Por outro lado, os que temem a Deus e guardam
os mandamentos dEle têm experiência profunda de proteção espiritual na sua
vida, e da unção do Espírito Santo. Têm certeza de que vai “Livra sua alma da morte eterna” (Sl 133.18,19).
AMÉM!!!!!!!!!
Fonte: Bíblia de Estudos Pentecostal
Erivelton R. de Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário