Ne 8.5,6: “E
Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo; porque estava acima de
todo o povo; e abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé. E Esdras louvou ao
Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém! levantando as mãos;
e inclinaram-se e adoraram o Senhor, com o rosto em terra”.
A
adoração consiste nos atos e atitudes que reverenciam e honram a majestade do
grande Deus do céu e da terra. Sendo assim, a adoração concentra-se em Deus, e
não no ser humano. No culto cristão, nós nos acercamos de Deus em gratidão por
aquilo que Ele tem feito por nós em Cristo e através do Espírito Santo. A
adoração requer exercício da fé e o reconhecimento de que Ele é nosso Deus e
Senhor. Adorar é o nosso primeiro dever par com o Senhor, e o adoramos ao
apreciá-lo. Ele deseja que nossa adoração seja motivada por amor, ação de graças
e alegria voluntários.
Adorar
é muito mais que louvar, cantar e orar a Deus. É um estilo de vida que
compreende apreciar a Deus, amá-lo e oferecer a nós mesmos para cumprimento dos
propósitos divinos. Quando usamos nossa vida para a glória de Deus, tudo que
fazemos pode se tornar um ato de adoração. A Bíblia diz em Rm 6.13b: “Usem todo o seu corpo como instrumento para
fazer o que é justo, para a glória de Deus.”
Adquirir este estilo de vida exigirá de você uma mudança em suas
prioridades, agenda, relacionamentos, etc., e algumas vezes significará pegar o
caminho mais difícil, não o mais fácil. Para o nosso consolo, até mesmo Jesus
teve dificuldades com isso (Jo 12.27,28).
Sl
147.11 diz: “O Senhor se agrada somente
daqueles que o adoram e confiam em seu amor.” Qualquer atitude que agrade a
Deus é um ato de adoração.
Os
antropólogos perceberam que a adoração é um impulso universal, estabelecido por
Deus na estrutura de nosso ser, isto é, uma necessidade intrínseca de nos
ligamos a Ele. Adorar é tão natural quanto comer e respirar. Quando não
conseguimos adorá-lo, achamos um substituto. A razão pela qual o senhor nos fez
com esse desejo é que Ele anseia por adoradores! Jesus disse: “São estes os adoradores que o Pai procura”
(Jo 4.23).
Dependendo
da sua formação religiosa, pode ser que você precise ampliar sua compreensão do
termo “adorar”. Você talvez vincule
essa palavra a cultos na igreja em que haja cânticos, orações e pregação, ou
visualize um cerimonial com velas e uma ceia, ou imagine curas, milagres, e
experiências arrebatadora. A adoração pode incluir esses elementos, porém vai
muito além dessas manifestações. “Adorar
é um estilo de vida”.
Para muitos, adorar é apenas um sinônimo de música. Esse é um
grande mal-entendido. Todos os momentos do culto são um grande ato de adoração:
a oração, a leitura da Bíblia, os cânticos, as confissões, os silêncios, bem
como o ato de ouvir a pregação, tomar notas, ofertar, e até mesmo saudar outros
adoradores.
Na
verdade, a adoração é anterior a música. Adão adorou no jardim do Éden, mas não
há nenhuma menção à música até Gn 4.21, com o nascimento de Jubal. Se adoração
fosse somente música, então os que nunca se utilizaram da música jamais
adoraram. Adoração é muito mais que música.
A
adoração não é para nosso benefício. Quando adoramos, nosso objetivo é agradar
a Deus, e não a nós mesmos. A adoração não é para você, é para Deus. Nossa
motivação é glorificar e agradar ao Criador.
Não
adore somente nos cultos na igreja, pois nos foi dito “estejam sempre na sua presença” (Sl 105.4) e “Cantem glórias e louvem ao Senhor desde o nascer até o pôr do Sol” (Sl
113.3). Na Bíblia, as pessoas louvavam a Deus no trabalho, em casa, na
batalha, na prisão e até mesmo na cama! Louvar deve ser sua primeira atividade,
assim que abrir os olhos pela manhã, e sua última atividade, ao fechá-los à
noite.
Cada
atividade pode ser transformada em um ato de adoração, quando realizada para
louvar, glorificar e agradar a Deus. “Assim
que vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória
de Deus” (1Co 10.31). Este é o segredo de um estilo de vida em adoração:
fazer todas as coisas como se fossem para Jesus. A Bíblia diz: “Tome a sua vida diária e comum – dormir,
comer, trabalhar e passear – e apresente diante do Senhor como oferta”.
BREVE HISTÓRIA DA ADORAÇÃO AO VERDADEIRO DEUS
O ser humano adora a Deus desde o início da história. Adão e Eva
tinham comunhão regular com Deus no jardim do Éden. Caim e Abel trouxeram a
Deus oferendas de vegetais e animais. Os descendentes de Sete invocavam o nome
do Senhor. Noé construiu um altar ao Senhor para oferecer holocaustos depois do
dilúvio. Abraão assinalou a paisagem da terra prometida com altares para
oferecer holocaustos ao Senhor e falou intimamente com Ele.
Somente
depois do Êxodo, quando o tabernáculo foi construído, é que a adoração pública
tornou-se formal. Apartir de então, sacrifícios regulares passaram a ser
oferecidos diariamente, e especialmente no sábado, e Deus estabeleceu farias
festas sagradas anuais como ocasiões de culto público dos israelitas. O culto a
Deus foi posteriormente centralizado em Jerusalém. Quando o templo foi
destruído, em 586 a.C., os judeus construíram sinagogas como locais de ensino
da lei e adoração a Deus enquanto no exílio, e aonde quer que viessem morar. As
sinagogas continuaram em uso para o culto, mesmo depois de construído o segundo
templo por Zorobabel. Nos tempos do NT já havia sinagogas na Palestina e em todas
as partes do mundo romano.
A
adoração na igreja primitiva era prestada tanto no templo de Jerusalém quanto
em casas particulares. Fora de Jerusalém, os cristãos prestavam cultos a Deus
nas sinagogas, enquanto isso lhes foi permitido. Quando lhes foi proibido
utilizá-las, passaram a cultuar a Deus noutros lugares, geralmente em casas
particulares, mas às vezes, em salões públicos (At 19.9,10).
MANIFESTAÇÃO DA ADORAÇÃO CRISTÃ
1) Dois
princípios-chaves norteiam a adoração cristã:
a) A
verdadeira adoração é a que é prestada em espírito e em verdade (Jo 4.23), isto
é, a adoração deve ser oferecida à altura da revelação que Deus fez de si mesmo
no Filho (Jo 14.6). Por sua vez, ela envolve o espírito humano, e não apenas a
mente, e também como as manifestações do Espírito Santo (1Co 2.7-12).
b) A
prática da adoração cristã deve corresponder ao padrão do NT para a igreja.
Infelizmente depois da era apostólica, a igreja começou a apartar-se da
revelação divina e a modificar o padrão celestial de Deus ao acomodar-se às
culturas e à organização, conforme as idéias humanas e terrenas. O resultado
tem sido a proliferação de padrões humanos impostos à igreja. Para a igreja de
Jesus Cristo experimentar novamente a totalidade do plano, poder, fervor e
presença de Deus, devem deixar de seguir seus próprios caminhos e voltar a
adotar o padrão apostólico do NT. Os crentes atuais devem desejar buscar e
esperar, como norma para a igreja, todos os elementos constantes da prática da
adoração no NT.
2) O
fato marcante da adoração no AT era o sistema sacrificial (Nm 28.29). Uma vez
que o sacrifício de Cristo na cruz cumpriu esse sistema, já não há mais
qualquer necessidade de derramamento de sangue como pare do culto cristão.
Através da ordenança da Ceia do Senhor, a igreja do NT comemorava continuamente
o sacrifício de Cristo, efetuado de um vez por todas. Além disso, a exortação
que tem a igreja é oferecer “sempre, por
ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos nossos lábios que
confessam seu nome” (Hb 13.15), e a oferecer nossos corpos como “Sacrifícios vivos, santo e agradável a
Deus” (Rm 12.1).
3) Louvar
a Deus é essencial à adoração cristã. O louvor era um elemento-chave na
adoração de Israel a Deus, exemplo: Sl 100.4; 106.11; 111.1; 113.1; 117, bem
como na adoração cristã primitiva.
4) Uma
maneira autêntica de louvar a Deus é cantar salmos, hinos e cânticos
espirituais. O AT está repleto de exortações sobre como cantar ao Senhor (1Cr
16.23; Sl 95.1; 96.1,2; 98.1,5, 6; 100.1,2). Na ocasião do nascimento de Jesus,
a totalidade das hostes celestiais irrompeu num cântico de louvor, e a igreja
do NT era um povo que cantava (1Co 14.15; Ef 5.19; Cl 3.16; Tg 5.13). Os
cânticos dos cristãos eram cantados, ou com a mente, isto é, num idioma humano
conhecido, ou com o espírito, isto é, em línguas. Em nenhuma circunstância os
cânticos eram executados como passatempo.
5) Outro
elemento importante na adoração é buscar a face de Deus em oração. Os santos do
AT comunicavam-se constantemente com Deus através da oração (Gn 20.17; Nm 11.2;
1Sm 8.6; 2Sm 7.27; Dn 9.3-7). Os apóstolos oravam constantemente depois de
Jesus subir ao céu, e a oração tornou-se parte regular da adoração cristã
coletiva. Essas orações eram, às vezes, por eles mesmos; outras vezes eram
orações intercessórias por outras pessoas. Em todo tempo a oração do crente
deve ser acompanhada de ações de graças a Deus. Como Cânticos, o orar podia ser
feito em idioma humano conhecido, ou em línguas.
6) A
confissão de pecados era sabidamente parte importante da adoração no AT. Deus estabeleceu
o Dia da Expiação para os israelitas como uma ocasião para confissão nacional
de pecados. Salomão, na sua oração de dedicação do templo, reconheceu a
importância da confissão (1Cr 8.30-36). Quando Esdras e Neemias verificaram até
que ponto o povo de Deus se afastara da sua lei, dirigiram toda a nação de Judá
numa contrita oração pública de confissão. Assim, também, na oração do Pai
nosso, Jesus Cristo ensina os crentes a pedirem perdão dos pecados (Mt6.12).
Tiago ensina os crentes a confessar seus pecados uns aos outros (Tg 5.16);
através da confissão sincera, recebemos a certeza do grandioso perdão divino
(1Jo 1.9).
7) A
adoração deve também incluir a leitura em conjunto das Escrituras e a sua fiel
exposição. Nos tempos do AT, Deus ordenou que, cada sétimo ano, na Festa dos
Tabernáculos, todos os israelitas se reunissem para leitura pública da Lei de
Moisés (Dt 31.9-13). O exemplo mais patente desse elemento do culto no AT,
surgiu no tempo de Esdras e Neemias. A leitura das Escrituras passou a ser uma
parte regular do culto da sinagoga no sábado. Semelhantemente, quando os
crentes do NT reuniam-se para o culto, também ouviam a leitura da Palavra de
Deus juntamente com ensinamento, pregação e exortação baseados nela (1Tm 4.13;
2Tm 4.2; At 19.8-10; 20.7).
8) Sempre
quando o povo de Deus se reunia na Casa do Senhor, todos deviam trazer seus
dízimos e ofertas (Sl 96.8; Ml 3.10). Semelhantemente, Paulo escreveu aos
cristãos de Corínto, no tocante à coleta em favor da igreja de Jerusalém: “No primeiro dia da semana, cada um de vós
ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade” (1Co
16.2). A verdadeira adoração a Deus deve, portanto ensejar uma oportunidade
para apresentarmos ao Senhor nossos dízimos e ofertas.
9) Algo
singular no culto da igreja do NT era a atuação do Espírito Santo e das suas
manifestações. Entre essas manifestações do Espírito Santo na congregação do
Senhor havia a palavra da sabedoria, a palavra do conhecimento, manifestações
especiais de fé, dons de cura, poderes miraculosos, profecia, discernimento de
espíritos, falar em línguas e a interpretação de línguas (1Co 12.7-10). O
caráter carismático do culto cristão primitivo vem, também, descrito nas cartas
de Paulo: “Quando vos ajuntais, cada um
de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação”
(1Co 14.26). Na primeira epístola aos Coríntios, Paulo expõe princípios
normativos da adoração deles (1Co 14.1-33). O princípio dominante para o
exercício de qualquer dom do Espírito Santo durante o culto é o fortalecimento
e edificação da congregação inteira.
10) O outro elemento excepcional na adoração
segundo o NT era a prática das ordenanças – o batismo e a Ceia do Senhor. A
Ceia do Senhor parece que era observada diariamente entre os crentes logo
depois do Pentecostes (At 2.46,47), e posteriormente, pelo menos uma vez por
semana (At. 20.7,11). O batismo conforme a ordem de Cristo ocorria sempre que
havia conversões e novas pessoas ingressavam na igreja.
AS BÊNÇÃOS DE DEUS PARA OS VERDADEIROS
ADORADORES
Quando os crentes
verdadeiramente adoram a Deus, muitas bênçãos lhes estão reservadas por Ele.
Por exemplo, Ele promete:
I.
Que estará com eles (Mt 18.20), e que entrará
e ceiará com eles (Ap 3.20);
II.
Que envolverá o seu povo com sua glória (Êx
40.35; 2Cr 7.1; 1Pe 4.14);
III.
Que abençoará o seu povo com chuvas de
bênçãos (Ez 34.26), especialmente com paz (Sl 29.11);
IV.
Que concederá fartura de alegria (Sl
122.1,2);
V.
Que responderá às orações dos que oram com fé
sincera (Mc 11.24; Tg 5.15);
VI.
Que encherá de novo o seu povo com o Espírito
Santo e com ousadia (At 4.31);
VII.
Que enviará manifestações do Espírito Santo
entre o seu povo (1Co 12.7-13);
VIII.
Que guiará seu povo em toda a verdade através
do Espírito Santo (Jo 15.26; 16.13);
IX.
Que santificará seu povo pela sua Palavra e
pelo seu Espírito (Jo 17.17-19);
X.
Que consolará, animará e fortalecerá o seu
povo (Is 40.1; 1Co 14.26);
XI.
Que convencerá o povo do pecado, da justiça e
do juízo por meio do Espírito Santo (Jo 16.8);
XII.
Que salvará os pecadores presentes no culto
de adoração, sob a convicção do Espírito Santo (1Co 14.22-25).
EMPECÍLIOS À VERDADEIRA
ADORAÇÃO
O simples fato de pessoas se dizendo crentes realizarem um
culto, não é nenhuma garantia de que haja aí verdadeira adoração, nem que Deus
aceite seu louvor e ouça suas orações.
1.
Se a adoração a Deus é mera formalidade,
somente externa, e se o coração do povo de Deus está longe dEle, tal adoração
não será aceita por Ele. Cristo repreendeu severamente os fariseus por sua hipocrisia;
eles observavam a lei de Deus por legalismo, enquanto seus corações estavam
longe dEle (Mt 15.7-9). Note a censura semelhante que Ele dirigiu à igreja de
Éfeso, que adorava o Senhor, mas já não o amava plenamente (Ap 2.1-5).
2.
Outro impedimento à verdadeira adoração é um
modo de vida comprometido com o mundanismo, pecado e imoralidade. Deus recusou
os sacrifícios do rei Saul porque este desobedeceu ao seu mandamento. Isaías
repreendeu severamente o povo de Deus como “nação
pecadora... povo carregado da iniqüidade da semente de malignos” (Is 1.4);
ao mesmo tempo, porém esse mesmo povo oferecia sacrifícios a Deus e comemorava
seus dias santos. Por isso o Senhor declarou através de Isaías: “As vossas festas da lua nova, e as vossas
solenidades, aborrece aminha alma; já me são pesadas; já estou cansado de as
sofrer. Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim,
quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão
cheias de sangue” (Is 1.15,15). Semelhantemente, na igreja do NT, Jesus
conclamou os adoradores em Sardes a se despertarem, por que “Não achei as tuas obras perfeitas diante de
Deus” (Ap 3.2). Da mesma maneira, Tiago indica que Deus não atenderá as
orações egoístas daqueles que não se separam do mundo (Tg 4.1-5). O povo de
Deus só pode ter certeza que Deus estará presente à sua adoração e aceitará,
quando esse povo tiver mãos limpas e coração puro (Sl 24.3,4; Tg 4.8).
AMÉM!
Erivelton
de Jesus
Fontes:
Bíblia de Estudos Petencostal e outros.
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