domingo, 23 de agosto de 2020

55. FÉ E GRAÇA

 

Romanos 5.21: “Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.”          

            A salvação é um dom da graça de Deus, mas somente podemos recebê-la em resposta à fé, do lado humano. Para entender corretamente o processo da salvação, precisamos entender essas duas palavras: Fé e Graça.

FÉ SALVÍVICA

A fé em Jesus Cristo é a única condição prévia que Deus requer do homem para a Salvação. A fé não é somente uma confissão a respeito de Cristo, mas também uma ação dinâmica, que brota do coração do crente que quer seguir a Cristo como Senhor e Salvador. Conforme Cristo declara em seus Evangelhos a necessidade que temos de agir caso queremos o seguir, todos que decide seguir a Cristo tem que sair da inércia, se esforçar, sair do comodismo, marasmo, etc., conforme o próprio Jesus disse em Mateus 4.19: “E disse-lhes: vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”;  em Lucas 9.23-25: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque qualquer que quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas qualquer que, por amor a mim, perder a sua vida a salvará. Porque que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando a si mesmo?”

            Portanto, aceitar Jesus como Senhor e Salvador requer não somente crer na veracidade do Evangelho, mas também assumir o compromisso de segui-lo. Cada dia, é preciso considerar a resolução de negar-se a si mesmo, ou viver seus próprios desejos egoístas. Pois a Cruz de Cristo é símbolo de sofrimento, morte, vergonha, zombaria, rejeição e renúncia pessoal. Quando o crente toma a sua cruz e segue a Cristo, ele nega-se a si mesmo e decide abraçar três classes de lutas e sofrimentos:

1.      Lutar até o fim contra o pecado, crucificando suas próprias concupiscências;

2.      Lutar até o fim contra Satanás e os poderes das trevas, para estender o reino de Deus, e enfrentar a hostilidade do adversário e das hostes infernais, bem como a perseguição que surge por resistirmos aos falsos mestres que distorcem o verdadeiro evangelho; e

3.      Sofrer o opróbrio, o ódio e o escárnio do mundo por testificarmos, com amor, que suas obras são más, por separarmo-nos dele moral e espiritualmente.

Precisamos entender que o conceito de fé no Novo Testamento abrange quatro elementos principais:

A.      A fé significa crer e confiar firmemente no Cristo crucificado e ressurreto como nosso Senhor e Salvador pessoal, em sua carta aos Romanos 1.17, Paulo declara-nos: “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé”. Esse termo “De fé em fé” significa literalmente “fé do começo ao fim”. Então, importa em crer de todo coração, ou seja, entregar a nossa vontade e a totalidade do nosso ser a Jesus Cristo tal como Ele é revelado no Novo Testamento.

B.      Fé inclui arrependimento, isto é, desviar-se do pecado com verdadeira tristeza e voltar-se para Deus através de Cristo. O apóstolo Paulo em seu discurso em Atenas declara “Mas Deus, não tendo em conta os tempos de igenorância, anuncia a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam.” (At 17.30). Aos coríntios ele escreve: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”. (2Co 7.10). Queridos, a fé salvívica é sempre FÉ + ARREPENDIMENTO. Em sua primeira ministração dado o ocorrido de pentecostes, Pedro, disse àqueles que ouviram e creram: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.37,38). A mensagem de João, o Batista, era: “...Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2). Também declarando a necessidade de arrependimento aos que crêem. O significado básico de arrependimento (gr metaneo {metaneo}) é ‘voltar-se ao contrário’, ou seja, dar uma volta completa. Trata-se de abandonar os maus caminhos e voltar para Cristo e, através dEle, para Deus.

C.      A fé inclui obediência a Jesus Cristo e à sua Palavra, como maneira de viver inspirada nossa fé, por nossa gratidão a Deus e pela obra regeneradora do Espírito Santo em nós. É a obediência que provém da fé. Logo, fé e obediência são inseparáveis “mas que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras, dos profetas, segundo o mandamento do Deus eternos, a todas as nações para obediência da fé” (Rm 16.26). Sendo assim, a fé salvívica sem uma busca dedicada da santificação é ilegítima e impossível.

D.     A fé inclui sincera dedicação pessoal e fidelidade a Jesus Cristo, que se expressam na confiança, amor, gratidão e lealdade para com Ele. A fé, no seu sentido mais elevado, não se diferencia muito do amor. É uma atividade pessoal de sacrifício e de abnegação para com Cristo. O próprio Jesus sintetizando os dez mandamentos disse “...Amarás o Senhor; teu Deus, de todo o  teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mt 22.37). Portanto, o que Deus pede de todos quantos crêem em Cristo e que recebem a salvação é o amor devotado.

D1) Este amor requer uma atitude de coração, pela qual atribuímos a Deus tanto valor e estima, que verdadeiramente ansiamos pela comunhão com Ele, esforçamo-nos para obedecer-lhe e sinceramente nos importamos com sua glória e vontade na terra. Aqueles que realmente amarem a Deus, desejarão compartilhar ao sofrimento por amor a Ele, promover seu reino e viver em prol da sua honra e dos seus padrões de justiça na  terra.

D2) Nosso amor a Deus deve ser sincero e predominante, inspirado pelo seu amor a nós, mediante o qual Ele deu seu Filho para nos salvar.

D3) O amor de Deus abrange: um vínculo pessoal de fidelidade e lealdade a Ele; a fé como firme e inabalável liame com aquele a quem fomos unidos pela filiação; o fiel cumprimento das nossas promessas e compromissos com Ele; a devoção cordial, expressada em nossa dedicação aos padrões justos de Deus no meio de um mundo que o rejeita; e o anseio pela sua presença e pela comunhão com Ele.

            Todavia, precisamos compreender também que, a fé em Jesus como nosso Senhor e Salvador é tanto um ato de um único momento, como uma atitude contínua para a vida inteira, que precisa crescer e fortalecer, o evangelista João diz: “Mas todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus;  aos que crêem em seu nome” (Jo 1.12) (grifo nosso). Destaquei essas duas palavras pra você  entender que João nunca emprega o substantivo “fé” (gr pistis ‘pistis’). Entretanto, emprega o verbo “crer” (gr pisteuo ‘pisteuo’) 98 vezes. Para João, a fé salvívica é, pois, uma atividade; algo que as pessoas realizam. A verdadeira fé não é crer e confiar de modo estático em Jesus e na sua obra redentora, mas uma dedicação amorosa e abnegada que continuamente nos aproxima dEle como Senhor e Salvador. Este versículo retrata claramente como a fé salvívica é tanto um ato instantâneo como uma atitude para a vida inteira.

·         Para alguém se tornar filho de Deus, deve “receber” (gr elabon, de lambano ‘elabon, de lambano’) a Cristo. O tempo do aoristo aqui denota um ato definido de fé.

·         Após este ato de fé, receber a Cristo como Salvador, deve haver da parte do pecador uma ação contínua de crer. O verbo “crer” (gr pistousin, de pisteuo ‘pistousin, de pisteuo’) é um particípio presente ativo, indicando a necessidade da perseverança no crer. A fé genuína precisa continuar após o ato inicial da pessoa aceitar a Cristo para que Ela seja salva. “Aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mt 10.22).

Porque temos fé numa Pessoa real e única que morreu por nós, nossa fé deve crescer. A obediência e a confiança transforma-se em fidelidade e devoção; nossa fidelidade e devoção transformam-se numa intensa dedicação pessoal e amorosa ao Senhor Jesus Cristo. O apóstolo Paulo retrata muito bem isso escrevendo aos Gálatas 2.20: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim”. Paulo descreve seu relacionamento como Cristo em termo de união pessoal profunda com o seu Senhor e de sua dependência dEle. Aqueles que tem fé em Cristo, vivem uma vida em comunhão íntima com Ele tanto na morte como na ressurreição. Paulo declara que todos os crentes foram crucificados com Cristo na cruz. Morreram para a Lei como meio de Salvação, em Cristo, o pecado já não tem domínio sobre eles. Paulo está afirmando, agora que nós fomos crucificados com Cristo, agora vivemos com Ele mediante sua vida ressurreta. Cristo e a sua força habitam em nós, e se tornam o manancial de toda a nossa vida, e o centro de todos os nossos pensamentos, palavras e ações. É mediante o Espírito Santo que a vida ressurreta de Cristo continuamente nos é comunicada. Paulo afirma que, participamos da morte e ressurreição de Cristo, pela fé, isto é, a crença, a confiança, o amor, a devoção e a lealdade que temos nos filho de Deus que nos amou e se entregou por nós. Esse viver pela fé pode ser considerado com o viver pelo Espírito.

 

GRAÇA

            No Antigo Testamento, Deus revelou-se como um Deus da graça e misericórdia, demonstrando amor para com seu povo, não porque este merecesse, mas por causa da fidelidade de Deus à sua promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó. Os escritores bíblicos dão prosseguimento ao tema da graça como sendo a presença e o amor de Deus em Cristo Jesus, transmitidos aos crentes pelo Espírito Santo, e que lhes outorga misericórdia, perdão, querer e poder para fazer a vontade de Deus. No evangelho segundo João 3.16, é a expressão máxima, em minha opinião, de amor e graça de Deus por nós, quando declara: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”. Amor este suficientemente imenso para abranger todos os homens, isto é, o mundo. Fato é que, toda atividade da vida cristã, desde o seu início até o fim, depende desta graça divina.

            Permita-me destacar algumas características dessa graça:

1)      Deus concede uma medida da sua graça como dádiva aos incrédulos, Paulo declara aos irmãos de Corinto: “Sempre dou graças a Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo”; “Mas pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã; antes trabalhei muito ais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”. (1Co 1.4; 15.10). Demonstrando-nos que essa graça foi dada aos incrédulos, a qual Paulo se encaixava, para que possam crer no Senhor Jesus Cristo “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9). A Bíblia está nos declarando que ninguém poderá ser salvo pelas obras e boas ações, ou por tentar guardar os mandamentos de Deus. Seguem-se as razões:

a)      Todos não-salvos estão espiritualmente mortos, sob o domínio de Satanás, escravizados pelo pecado, e sujeito à condenação divina.

b)      Para sermos salvos precisamos receber a provisão divina da salvação, ser perdoados do pecado, ser espiritualmente vivificados, ser feitos novas criaturas e receber o Espírito Santo. Nenhum esforço da nossa parte poderá realizar essas coisas

c)      O que opera a salvação é a graça de Deus mediante a fé. O dom salvívico de Deus inclui os seguintes passos:

·         A chamada ao arrependimento e à fé. Com essa chamada vem a obra do Espírito Santo na pessoa, dando-lhe capacidade de voltar-se para Deus.

·         Aqueles que respondem com fé e arrependimento e aceiram a Cristo como Senhor e Salvador, recebem graça adicional para sua regeneração, ou novo nascimento, pelo Espírito Santo, e ser cheios.

·         Aqueles que se tornam novas criaturas em Cristo, recebem graça contínua par viver a vida cristã, resistir ao pecado e servir a Deus. O crente se esforça em viver para Deus, mediante a graça que nele opera. A graça divina opera no crente dedicado, tanto par ele querer, como para cumprir a boa vontade de Deus. Do começo ao fim, a salvação é pela graça de Deus.

2)      Deus concede graça aos crente para quês seja “liberto do pecado” (Rm 6.20,22), para que nele opere “tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13), para orar, para crescer em Cristo e para testemunhar de Cristo.

3)      Devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus, a carta aos Hebreus nos instrui que devemos “Chegar, pois, com confiança do trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb 4.16). Porque Cristo se compadece das nossas fraquezas, podemos chegar com confiança ao trono celestial, sabendo que nossas orações e petições são bem acolhidas e ouvidas por nosso Pai celestial. É chamado o “trono da graça”, porque dele fluem o amor, o socorro, a misericórdia, o perdão, o poder divino, o batismo com o Espírito Santo e tudo de que precisamos em todas as circunstancias. Uma das maiores bênçãos da Salvação é que Cristo, agora, é nosso sumo sacerdote, conduzindo-nos até a sua presença pessoal, de modo que sempre podemos buscar a ajuda de que carecemos. Alguns dos meios pelos quais o crente recebe a graça de Deus são:

a)      Estudar as Escrituras Sagradas e obedecer aos seus preceitos;

b)      Ouvir a proclamação do Evangelho;

c)      Orar;

d)      Jejuar;

e)      Adorar a Cristo;

f)       Está continuamente cheio do Espírito Santo; e

g)      Participar da Ceia do Senhor.

4)      A graça de Deus pode ser:

a)      Resistida: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos pertube, e por ela muitas se contaminem.” (Hb 12.15). “Raiz de amargura” refere-se a um espírito e atitude caracterizados por animosidade e ressentimento intensos. Aqui, talvez se refira a ressentimento do crente conta a disciplina de Deus, ao invés de submissão humilde à sua vontade para nossa vida. A amargura pode ter como objeto pessoas da igreja. Isso prejudica a pessoa que está assim amargurada, isto é, deixando-a sem condições de entrar na presença de Deus em oração. A amargura entre um grupo de crentes pode alastrar-se e corromper a muitos, destruindo a “santificação” sem a qual ninguém vera o Senhor (Hb 12.14).

b)      Recebida em vão: “E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de deus em vão” (2Co 6.1). Paulo cria, indubitavelmente, que era possível o crente receber a graça de Deus e experimentar a salvação, e depois, por causa de descuido espiritual ou de viver em pecado deliberado, abandonar a fé e a vida do evangelho, e voltar a perder-se. Todos devem ser exortados a se reconciliarem com Deus e a receber sua Braça. Aqueles que recebem a graça de Deus devem ser exortados a não recebê-la em vão.

c)      Apagadas: “Não extingais o Espírito” (1Ts 5.19). Paulo compara extinguir o fogo do Espírito com o desprezo e rejeição às manifestações sobrenaturais do Espírito Santo.

d)      Anuladas: “Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da Lei; segue-se que Cristo morreu debalde” (Gl 2.21). O ensino de Paulo sobre a justificação e sobre a justiça vai além de uma mera declaração jurídica da parte de Deus. A justiça que vem pela fé envolve uma transformação moral da pessoa, a graça de Deus e um relacionamento com Cristo, mediante o qual compartilhamos da sua vida ressurreta.

e)      Abandonada pelo crente: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4). Alguns dos Gálatas tinham substituídos sua fé em Cristo pela fé na obediência à Lei. Paulo declara que os tais caíram da graça. Cair da graça é está alienado de Cristo e abandonar o princípio da graça de Deus que nos traz a vida e salvação. É anular a nossa associação com Cristo e deixar de permanecer nEle.

 

Amém!

Pr. Erivelton de Jesus

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